domingo, 26 de fevereiro de 2023

Pós treino

O pós-treino é tão importante quanto o próprio treino, e o resfriamento é uma parte fundamental disso. O resfriamento ajuda a regular a frequência cardíaca, a aliviar a tensão muscular e a prevenir lesões. Neste artigo, vamos explorar as melhores maneiras de resfriar para corredores. De estiramentos leves a exercícios de recuperação, você aprenderá tudo o que precisa para ter uma rotina completa de resfriamento após cada corrida. Leia mais em https://runningwithjoe.com/cool-down-for-runners/. #resfriamento #corrida #saúdeedesempenhofísico

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Gisele pelo mundo um blog expetacular

Hoje venho divulgar um excelente blog, https://giselepelomundo.com.br Experimente a aventura pelo mundo ao meu lado, uma viajante apaixonada. Siga suas histórias emocionantes em cada país visitado e descubra novos lugares, culturas e aventuras pelo caminho. Gisele Pelo Mundo é o lugar perfeito para quem ama viajar e se inspirar com histórias incríveis de viagens ao redor do globo.

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quarta-feira, 9 de junho de 2021

"Qual é o papel da escola"?

A escola tem passado por várias alterações durante nosso desenvolvimento, vertentes conservadoras apoiam tendências da escola tradicional como a escola tecnicista que Segundo Matui (1988), a escola tecnicista desenvolve uma teoria de aprendizagem que torna o aluno como depositário passivo dos conhecimentos. Esta escola é, de certa forma, uma reedição da escola tradicional, diferenciando-se desta pela valorização das técnicas e dos modelos pré-estabelecidos. Além das contribuições teóricas do estruturalismo, ela não conseguiu superar os equívocos apresentados pela escola tradicional. Outra diferença a ser mencionada em relação à escola tradicional é que enquanto nesta o professor era o centro do processo de ensino e o aluno um mero espectador, na escola tecnicista, ambos, professor e aluno são componentes passivos do processo, pois o que tem real significado é o sistema e as técnicas em si. Para Saviani (2001) a escola tradicional foi instituída para combater a ignorância, não tendo cumprido seu papel. A escola nova veio substituir a tradicional, no afã de eliminar a rejeição, pois o aluno era um ser rejeitado e por esta razão ele não aprendia. Por sua vez, a escola tecnicista foi concebida visando erradicar a incompetência, sendo esta a razão da marginalidade social do aluno. Como nossa sociedade vive uma divisão político-partidário em todos os setores, a escola não seria deixada de fora, vejo que essas tendências conservadoras fazem que o desenvolvimento dos últimos anos feitos através de pensadores como Paulo Freire, Dermerval Saviani e Anísio Teixeira, trouxeram o construtivismo para dentro do processo escolar, ele vem para desconstruir esse centralismo do poder sistêmico que já foi utilizado como instrumento para formar mão de obra não-crítica, colocar indivíduos escolarizados para se tornarem empregados para ocuparem sempre os mesmos cargos e fazerem sempre as mesmas tarefas repetidas e repetidas vezes sem questionar ou pensar fora do padrão. Devemos buscar por uma escola independente, forte, onde o meio que ela está inserida, seus alunos e sua comunidade se fortaleça como rompedora de correntes, quebrando os padrões e pense fora da normalidade deixando seus alunos desenvolverem as suas melhores habilidades individuais, só assim teremos uma sociedade mais igualitária e estruturada. Essa escola é conhecida como pedagogia racionalista libertária em função da ênfase na defesa da razão como instrumento de autonomia, como expressão da capacidade crítica de cada indivíduo humano frente a superstição, a mentira e mitos (FERRER Y GUARDIA, 2014). Essa escola libertadora tem o maior papel na luta contra a desigualdade social tão crescente em nossa sociedade, só ela pode quebrar esse círculo vicioso onde a elite sempre se desenvolve através do suor da classe operaria. O alto investimento que as camadas médias e altas da população empregam nas instituições de ensino privado, facilitam sua abertura, representando um processo de mercantilização do sistema educacional, que encontra sua origem na desvalorização do sistema público e na monopolização de verbas do Estado por parte de uma elite, considerada "parceira" do governo na aplicação financeira de projetos educacionais de caráter estritamente privatistas (ANDES - SN, 2004). Este processo contribui para manter uma situação conveniente para a elite brasileira, que encontrou condições para criar espaços de Educação própria, distantes dos pobres, e capazes de manter o nível de "qualidade" exigido pelo mercado (PATTO, 1997). É essa escola no qual hoje é taxada de comunista sem o mínimo de embasamento por uma parte de nossa sociedade, que é apedrejada por muitos que dizem que nessa escola moderna existe uma distribuição de “kit gay”, mas que, na verdade, falta dinheiro até para merenda, essa merenda, que para muitos alunos, é a única forma de alimentação balanceada, é nela que devemos moldar nossos novos membros da sociedade para buscarmos uma estrutura mais justa e equilibrada, essas críticas e tentativas de regresso ao passado são medidas desesperadas de uma elite amedrontada por ver o filho da empregada doméstica elevar seu nível social através do estudo, do ingresso dele a universidade pública onde ainda temos uma “elite intelectual” que busca fomentar-lhes a busca pelo senso crítico de uma busca por qualidade de vida e a não subserviência ao tradicional. Por fim esse é o papel da escola atual, onde não tem como objetivo apenas no ensino e sim no indivíduo e sua comunidade ao redor, sendo um facilitador para a compreensão da sociedade como um todo, democratizador do acesso ao conhecimento, promoção da construção do ser crítico dentro dos alunos e uma ferramenta libertadora para que possamos desenvolver e conquistas nossos sonhos. REFERÊNCIAS ANDES - SN. A contra reforma do ensino superior: uma análise do ANDES - SN das principais iniciativas de Lula da Silva. Brasília, 2004. FERRER Y GUARDIA, F. A escola moderna. São Paulo: Biblioteca Terra Livre, 2014. MATUI, J. Construtivismo. São Paulo: Moderna, 1998. SAVIANI, D. Escola e Democracia. 36 ed. São Paulo; Cortez, 2001. PATTO, M. H. S. Por uma crítica da razão psicométrica. In Revista Psicologia. v8. São Paulo: EDUSP, 1997

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Análise "Empreendedorismo e Educação: a educação empreendedora e seus pressupostos teóricos para formação da sociabilidade contemporânea"

"Empreendedorismo e Educação: a educação empreendedora e seus pressupostos teóricos para formação da sociabilidade contemporânea" do autor Graziany Penna Dias e analise as imagens abaixo. 



fig aula 7

O empreendedorismo aplicado de forma cruel e sem escrúpulos causa uma relação de “escravidão-moderna”, o fato em si de empreender não pode ser sempre jogado para essa visão, no Brasil onde temos tantas dificuldades de prosperar devemos sim desenvolver alternativas criativas para conseguir alcançar objetivos maiores e melhorar nossa qualidade de vida, o povo brasileiro é um povo empreendedor por natureza mas não podemos crescer e evoluir em cima de outros seres humanos que também precisam melhorar de qualidade de vida, pensar no trabalhador como semelhante com compaixão é um dos principais pilares para equidade de oportunidades. Utilizar o mercado inflacionado da educação como mercadoria como marketing para esse empreendedorismo de guerrilha é só mais um dos motivos para repensarmos esse tipo de estratégia.


segunda-feira, 22 de junho de 2020

Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os impactos na Educação Física escolar.

A Base Nacional Currículo Comum (BNCC) é um documento regulamentador desenvolvido pelo Ministério da Educação das aprendizagens essenciais para todos os estudantes das escolas brasileiras, tem como objetivo criar competências gerais para o desenvolvimento dos estudantes durante sua vida escolar. A BNCC não é um currículo mas um orientador curricular, os estados e municípios devem elaborar seus currículos a partir dos princípios pontos abordados nele, “Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de governo e seja balizadora da qualidade da educação” (BRASIL, 2017, p. 8). Nesse sentido a BNCC inclui a Educação Física dentro da área das linguagens, junto com o ensino da língua portuguesa, línguas estrangeiras e artes, as competências da Educação Física são divididas em, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades, o documento tem grandes avanços como a questão colaborativa de seu desenvolvimento, mas tem grandes retrocessos como o foco com a preocupação da eficiência do ensino e a meu ver uma vertente tecnocrática onde formam “robôs” e não “seres pensantes”.

A Educação Física é o elemento curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. A proposta é que o aluno consiga pensar no significado social das práticas corporais, a origem histórica e na afinidade que elas têm com as relações humanas, além dos próprios movimentos a serem trabalhados em determinada prática, as expressões culturais também passam a ser objeto de conhecimento da Educação Física. A Educação Física, no contexto atual, quando inserida na área das Linguagens, tenta romper a visão biologicista que durante tanto tempo esteve enraizada, e traz a visão de um corpo que não nega o orgânico, mas que, mais do que nunca, valoriza a cultura na qual encontra-se inserido, trazendo a cultura de movimento como seu objeto de estudo. Mendes e Nóbrega (2009, p. 03). Essa visão tem tanto questões positivas quanto negativas. O foco da discussão deve ser o complexo processo professor – profissão – escola – conteúdo (RUFINO, DE Souza neto, 2016). Acho que o maior ponto negativo e o fator limitante do professor de Educação Física que tem como base de sua formação grande parte na área da saúde e ficará limitado, não podendo exercer o que foi desenvolvido na universidade, mas por outro lado tem oportunidade de integrar seus alunos em uma questão mais cultural e ampla, e uma questão complexa onde eu vejo que quem mais perde e o aluno, o professor de Educação Física tem um potencial de integrar os alunos nessas áreas ligando a parte lingüística e de comunicação corporal com a visão biologicista criando elementos facilitadores para o aprendizado dos alunos,.



REFERÊNCIAS



BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2020.



MENDES, Maria Isabel B. S.; NÓBREGA, Terezinha Petrúcia. Cultura De Movimento: Reflexões a partir da Relação entre Corpo, Natureza e Cultura. Pensar a Prática, Goiânia, v. 12, n. 2, ago. 2009. ISSN 1980-6183.



RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DE SOUZA NETO, Samuel. Saberes docentes e formação de professores de Educação Física: análise da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na perspectiva da profissionalização do ensino. Motrivivência, Florianópolis, v. 28, n. 48, p. 42-60, set. 2016. ISSN 2175-8042

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quinta-feira, 4 de junho de 2020

RESENHA: EVOLUÇÕES NA ÁREA DE FINANÇAS

Guilherme Augusto De Oliveira Freire

IQUIAPAZA, R. A., AMARAL, H. F., & BRESSAN, A. A. Evolução da pesquisa em finanças: epistemologia, paradigma e críticas. Organizações e Sociedade, Salvador, 16 (49), 351-370.

 

O artigo é uma revisão bibliografia da história e evolução epistemológica da área de finanças, os autores fazem um apanhado geral de como foi construído o pensamento financeiro e historicamente, citam autores importantes e emblemáticos da teoria de finanças, economia, macroeconomia e microeconomia, começam a abordar essa evolução a partir dos anos 1950, por onde eles marcam como “revolução em finanças”, embora os estudos da área começam a ser descrita nos anos 1920, principalmente antes da quebra da bolsa de 1929, Costa (2008) diz que esse período foi caracterizado pela expansão gerada na revolução industrial e passando pela grande crise econômica de 1929 e pela reconstrução dos mercados após a segunda guerra mundial. Ele ainda fala do ápice econômico americano, onde suas empresas precisavam de capital para expandir onde se desenvolveu o período da preocupação com a estrutura de capital da empresa, Famá, Cioffi e Coelho (2008) chamam esse período de finanças antigas, o período que os autores começam sua abordagem é da década de 1950, descrito por alguns autores como Famá, Cioffi e Coelho (2008), Castro Junior (2002) e Bernstein (2008) que também são citados pelos autores como “Finanças modernas”. Os autores realmente fazem um bom trabalho definindo essa parte da história, o embasamento teórico é forte e consolidado com outros estudiosos da área, como McLean e Jones (2007), Mramor e Lonèarski (2002), (DONALDSON, 1961), Gordon (1959) e Lintner (1956), o caminho que eles seguiram é interessante, pois demonstrando mais as questões de interações financeiras e mudanças nos mercados de capitais, a abordagem tradicional pré década de 1950 é como os autores exemplificam “em grande parte, descritiva e detalhada no conteúdo institucional”,  tinham poucas generalizações e, com objetivo de ser importante na aplicação pratica em períodos longos de tempo, na abordagem tradicional a política de dividendos estava muito clara e simples, as companhias deveriam distribuir os lucros da melhor forma possível, na forma de dividendos em dinheiro, desde que os investidores prefiram dividendos a ganhos futuros de capital, os autores embasam o posicionamento de Gordon (1959), os investidores acreditam que os ganhos futuros de capital são mais incertos que os dividendos, tendo, portanto, um valor mais baixo, o que demonstra a falta de dinamismo e audácia da época. O começo da mudança do paradigma tradicional tem como base as contribuições feitas por Markowitz com sua publicação sobre a diversificação de portfólio em 1952. Bernstein (1997) classifica a metodologia de Markowitz como uma síntese das Teorias das Probabilidades, da Amostragem, da Curva de Sino e Dispersão ao Redor da Média, da Regressão à Média e da Teoria de Utilidade. O principal objetivo de Markowitz com a Teoria do Portfólio foi utilizar a noção de risco para formar carteiras para investidores que considerem o retorno como algo desejável e a variância do retorno como algo indesejável, os autores colocam do lado de Markowitz outros autores que mudaram o modo de pensar finanças como Kendall (1953), Modigliani e Miller (1958) e Sharpe (1964), McGoun (1992) afirma que a publicação dos artigos Markowitz (1952) e de Modigliani e Miller (1958) são fundamentais para essa mudança de paradigma, tendo provocado uma revolução acadêmica na economia financeira. Passou-se a utilizar processos de simplificação, matematização e modelagem, tendo um profundo impacto no modo como os economistas financeiros têm procedido até hoje. Markowitz ganhou o prêmio Nobel de economia em 1990 por seu trabalho. A modernização dos estudos em finanças passa pela busca da funcionalidade de ditar explicações lógicas e racionais a sociedade, os autores do texto colocam esse ponto de forma clara quando demonstram a evolução nos estudos e quando falam sobre como “A ciência provê a base para estruturar a ordem do mundo social, semelhante à estrutura e ordem do mundo natural. São usados os métodos das ciências naturais para gerar explicações do mundo social” e utilizam o positivismo de Dukheim para demonstrar o ponto de vista, para Dukheim “um todo não é idêntico à soma das partes que o constituem; é algo de diferente cujas propriedades diferem das que revelam as partes de que é composto” (Durkheim, 1978b, p. 139) o que corrobora com a fala dos autores sobre os funcionalistas, “as propriedades do conjunto são determinadas pelas propriedades de suas unidades”.

A evolução da teoria financeira parte de estudos da análise do comportamento de preços de ativos e de como se comporta aleatoriamente sendo não sendo mais previsível Fama (1965), aliado a estudos de diversificação da carteira de ativos e de como as ações são precificadas em relação ao seu risco. Essa teoria denominada de Capital Asset Price Model (CAPM), tem forte relação com a teoria do portfólio de Markowitz, pois formulada por um de seus estudantes, William Sharpe, Megliorini e Vallim (2009) a descrevem como uma simplificação da Teoria do Portfólio, ela mostra que as taxas de retorno em equilíbrio dos ativos de risco são uma função de suas covariâncias com a carteira de mercado. Eles ainda falam que em mercados como o brasileiro onde os investidos são diversificados e os mercados interligados o CAPM é amplamente utilizado.

Os autores falam bastante sobre todas as teorias abordadas nessa época o que demonstra o amplo desenvolvimento acadêmico do período onde realmente se consolidou o desenvolvimento acadêmico financeiro.

Percebe-se como os autores demarcam os pontos chave para o desenvolvimento da teoria de finanças, as chaves ficam bem explicativas e de forma que todos possam compreender que o caminho para a evolução foi dado pelo desenvolvimento das finanças como disciplina, separando-se da economia e tendo maior autonomia e protagonismo na academia, depois a legitimidade e consolidação dos mercados, com regras mais claras e transparência nas negociações, e por fim da separação da visão do mercado financeiro como um jogo de azar, onde os investimentos tem fundamentos e não seguem os dados para se obter resultados.

O texto tem uma pequena parte confusa na seção sobre a Pós-modernidade, os autores questionam sobre a mudança no paradigma descritivo de finanças pelo performático e dentro outros utilizam Mackenzie (2001) e Austin (1990) para sustentar seus pontos de vista, mas fica claro que aliar as métricas matemáticas a teoria de finanças faz com que a questão performática se desenvolva, pois principalmente com a tecnologia se obtém uma facilidade de medir, avaliar e buscar otimização de investimentos e do próprio mercado. Para Mellagi e Ishikawa (2012, p. 114), “qualquer sistema financeiro está em constante mudança, junto com a evolução da própria economia e seus ciclos”, os autores utilizam Merton (1992, p.470) para fortalecerem essa tese que dá mais clareza.

O desenvolvimento do campo de finanças chega nas finanças comportamentais, os autores falam bastante de Kahneman e Tversky mas acho que deixaram um nome importante de fora, Herbert Simon foi um dos percursores no processo de tomada de decisão e estudo do comportamento humano, para Simon (1959), a ideia subjacente ao conceito de maximização é de um comportamento de equilíbrio de um organismo com perfeita adaptação, que depende apenas de seu objetivo. Mas se o ambiente apresentar alterações, se existirem múltiplos objetivos ou, ainda, se o organismo for afligido por conflitos internos, o conceito de maximização não se mostra promissor, e claro que os autores detalham mais sobre o assunto e colocam a discussão mais densa, é interessante como eles fazem isso, principalmente do confronto entre finanças modernas continua e finanças comportamentais, mesmo que o texto seja escrito em 2009, acho que deixa de lado uma técnica importante, pois podemos utilizar inteligência artificial para desenvolver e melhorar tanto o campo de finanças comportamentais como de finanças modernas, estudos como o de Trippi e Tuban (1992), no geral o texto é interessante, consegue-se ver a contribuição dos autores e de como é feito um belo desenvolvimento histórico da área de finanças, acho o texto fácil de ler e contribui principalmente para estudiosos pela área e entusiastas de finanças.

 

REFERÊNCIAS

BERNSTEIN, P. L. Desafio aos Deuses: a fascinante história do risco. Rio de Janeiro. Campus, 1997

CASTRO JUNIOR, F. H. F. As novas finanças e a teoria comportamental no contexto da tomada de decisão sobre investimentos. Caderno de pesquisas em administração, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 25- 35, 2002.

COSTA, T.A. Dissertação Novas Finanças: um estudo sobre a fragilidade da Hipótese de Mercado Eficiente. São Paulo. 2008.

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Abril Cultural, 1978.

FAMÁ, R; CIOFFI, P. L.M.; COELHO, P. A. R. Contexto das Finanças Comportamentais: Anomalias e Eficiência do Mercado de Capitais Brasileiro. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 65-78, abril/junho 2008

MARKOWITZ, H. Portfolio selection. Journal of Finance, v. 7, n. 1, p. 77-91, 1952.

McGOUN, E. G. On knowledge of finance. International Review of Financial Analysis, v. 1, n. 3, p. 161-177, 1992.

MELLAGI FILHO, Armando. ISHIKAWA, Sérgio. Mercado Financeiro e de Capitais. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 2012.

MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. A. Administração Financeira: uma abordagem brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

SIMON, H.A. (1978). Rational Decision-Making in Business Organizations. Nobel Memorial Lecture, pp. 343- 371, 08.12.1978. Economic Science, 1978

TRIPPI, R. R. e TUBAN, E., Neural networks in finance and investing. Chicago: Probus, 1993.

 


RESENHA DOS DOIS PRIMEIROS CAPÍTULOS DO LIVRO GERANDO VALOR PARA O ACIONISTA

RESENHA DOS DOIS PRIMEIROS CAPÍTULOS DO LIVRO GERANDO VALOR PARA O ACIONISTA

 

Guilherme Augusto de Oliveira Freire

 

RAPPAPORT, A. Gerando valor para o acionista. São Paulo: Atlas; 2001.

 

Já no primeiro capítulo do livro o autor explica sobre a geração de valor para o acionista e apresenta sua análise de definição do valor como variante absoluta para mensuração do desempenho de uma empresa em expectações futuras. As aplicações de valor nos próprios ativos, até meados dos anos 80, dificultaram a algumas empresas quanto a sua evolução. Ao mesmo tempo que as empresas que atentavam que a geração de valor junto ao acionista era mais bem especulada, que análises sem o aval dos intérpretes do investimento, evitando o que as empresas que não observaram o que os acionistas ansiavam, chamado de “lacuna de valor”.

O grande volume de aquisições agressivas na segunda metade da década de 80, contribuiu muito para o incentivo aos gestores, quanto a criação de valor das empresas. Estas aquisições realizadas no decorrer da década de 80 e a ausência do  operador de bolsa (referência principal do investidor profissional), como o conhecedor de mercado, deu possibilidades aos gerenciadores de fundos investirem de forma a protegerem seus beneficiários e conseguir melhores resultados para seus investimentos. O valor dado às empresas começou a fazer parte de todos os relatórios de desempenho e estratégia no mercado, e passou a ser o referencial mais importante de uma empresa.

Observa-se a princípio um conflito inicial entre o gerente gestor e o acionista. Até a metade dos anos 80, o gerente gestor, tinha a decisão em suas mãos, era o único responsável pelas definições sem levar em consideração o que almejava os acionistas. O administrador assume o posto de condutor da gestão e não de detentor dos ativos. Com este cenário de geração de valor para o acionista, ele passa então a perceber que o valor produzido em equilíbrio com a demanda do mercado (tanto no social e em quaisquer outras áreas), é exatamente o que irá fazer com que o administrador continue na direção da organização. A partir de então o jogo é delineado pelos acionistas apesar do administrador dominar as regras do jogo.

Embora a responsabilidade social da empresa e os defensores de quem é interessado por ela se divergem muitas vezes, todos convergem no entendimento que a empresa possui propósitos que não sejam somente a otimização de criar valor para os acionistas. Na década de 90, equilibrar os interesses de todos que mantêm proveito na empresa requer maior atenção. Uma empresa que obtém maximização de retornos, favorece não simplesmente seus acionistas, mas da mesma forma atende às outras exigências daqueles que conservam interesse na organização. Dado a este parecer, é fundamental o engajamento dos stakeholders como parceiros, para criação de valor.

A garantia de fluxo de caixa de uma empresa a longo prazo reflete na satisfação de seus clientes, mas importante se atentar para não oferecer mais valor do que os clientes estarão dispostos a pagar, podendo até se tornar impraticável a operação. A dificuldade de se manter no mercado a longo prazo, oferecendo ao cliente um produto de qualidade e com preço razoável, pode trazer impedimentos ao caixa do acionista em médio prazo. No confronto em um conflito do valor do cliente x valor para o acionista, a gestão deve se posicionar a favor dos acionistas e da possibilidade de longo prazo do negócio.

No confronto entre os interesses dos empregados e dos acionistas, retratam um desafio consideravelmente mais dificultoso. Com os avanços tecnológicos, competitividade no mercado nacional e internacional, por conta da globalização, terceirização na produção (trazendo menores custos), com oportunidade de fabricar produtos melhores fez com que os gestores diminuíssem o tamanho de suas empresas a fim de melhorar sua competitividade. Em muitos casos, a demissão se deu por conta do fracasso da gestão atual ou anterior, na tentativa de gerar valor somente para o acionista. Os competidores globais estão agregando aos seus processos de planejamento e de tomada de decisão, a implementação do valor para o acionista, portanto não deve ser mirada como uma vantagem sustentável ou exclusiva. Os acionistas procuram pelas melhores formas de produção, o que é exigido pelo mercado, enquanto as políticas de demissão podem impactar no valor da ação no mercado. Todavia fica evidente no texto que pode gerar custos irreversíveis para a empresa em médio e longo prazo, evitar cortes de postos de trabalho, quando necessário.

Em torno de 40% dos lares norte-americanos dispõe de ações individuais ou fundos mútuos. Milhões de empregados têm interesse indireto no desempenho das ações, frente sua participação em planos de pensão de benefício definido, proporcionados pelos seus patrões. A segurança dos aposentados está pautada nos dividendos e na valorização dos preços das ações. Diante deste contexto, a constituição do mercado atual se faz também de acionistas de pequenos porte. Cabe ao acionista maior o gerenciamento de forma adequada daquilo que pode ter o valor maximizado para toda a cadeia de investidores.

No capítulo dois é apresentado as deficiências dos números contábeis, apresentando valores ocultos que a contabilização pode deixar de perceber e, consequentemente impactar negativamente nos resultados. Há uma crença que estes resultados são os responsáveis pela valorização da empresa no mercado, por se tratar exclusivamente do lucro. Para tal, enumera-se deficiências nas contabilidades que anteveem retorno sobre o investimento – ROI, e retorno sobre o patrimônio líquido – ROE.

Alega-se, em princípio de análise, que a contabilização do lucro por vezes, pode deixar de mencionar alguns valores importantes para a fidedignidade do resultado, levando a crer que o lucro não é um dado confiável. Alguns métodos contábeis alternativos contribuem para tal, pois deixam de analisar perdas implícitas. O chamado “primeiro que entra, primeiro que sai” (FIFO ou PEPS), ou “último que que entra, primeiro que sai” (LIFO ou UEPS) deixam de considerar, por exemplo, a depreciação ou tratamentos contábeis para fusões ou aquisições. Tais considerações são geradas na tentativa de confrontar custos e receitas, ignorando-se consciente ou inconscientemente, por exemplo, “a depreciação de um ativo ao longo de sua vida útil”, segundo RAPPAPORT, 2001, p.31.

Excluir as necessidades de investimento como gasto, é outro fator que erroneamente, não é considerado na mensuração do lucro. Outro elemento importante que também costuma ser ignorado é o valor do dinheiro no tempo e pode fazer enorme diferença.

As questões referentes ao retorno contábil sobre os investimentos, ROI, e seus problemas adicionais, pode fazer com que sejam alocados erroneamente os recursos. A análise correta sobre o patrimônio líquido, ROE, apresenta o risco imediato ao mercado, da empresa que investe e ampara a alavancagem, pois a bolsa de valores compreende que a operação de risco pode fazer com que a ação caia. Muitas vezes o investidor trabalha com dinheiro proveniente de empréstimos que podem não se sustentar a longo prazo.

Nesta resenha o autor mostra o sentido da lógica do acionista na gestão da empresa e a sua relação com a responsabilidade social em níveis corporativos ou não. É demonstrado também por ele, a importância de respeitar os anseios dos seus Stakeholders, a necessidade de interação das partes, uma atualização do mundo moderno, quando da publicação do livro. São mapeados os conflitos com os gestores da empresa, onde se apresenta os embaraços de entendimento de ambas as partes, ou seja, é uma “estrada de mão dupla”.

É demonstrado também nestes capítulos a incapacidade em se gerir o balancete da empresa sem antes levar em consideração as alterações no valor para o acionista. Outro ponto também é a confiabilidade diante das mudanças no valor contábil de algumas empresas, entre outras coisas. Na prática, é apresentado que, podemos concluir que os números contábeis fracassam na mensuração da geração de valor de empresas que utilizam de métodos contábeis alternativos. Em uma última análise, “o problema é o uso inapropriado e não intencional de números contábeis históricos por gestores e investidores para a avaliação baseada em expectativas”, segundo RAPPAPORT, A.

 

 


segunda-feira, 4 de maio de 2020

QUESTIONAMENTOS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES



1)      Os critérios de gestão adotados pelas organizações modernas (qualidade total, excelência operacional e profissional, competências etc) diferem ou não daqueles consagrados pelos teóricos clássicos (Taylor, Fayol, Ford, Mayo e Weber)? Inspirando-se no artigo de Omar Aktouf (Administração e Teorias das Organizações Contemporâneas: Rumo a um Humanismo-Radical Crítico?), aponte 5 elementos que justifiquem a resposta, desenvolvendo os argumentos correspondentes a cada um deles.


Aktouf não descarta totalmente os teóricos clássicos, no meu entendimento, ele faz mais uma releitura deles trazendo para um contexto mais humanístico, trazer essas teorias clássicas para a modernidade não é uma tarefa muito complexa, na verdade essas teorias moldam a administração atual, criando uma conjunção de todas em uma nova roupagem, como na moda o que é vintage sempre volta com força total.
Acredito que a diferença primordial entre as teorias clássica e as organizações modernas se coloca na importância do papel do homem dentro da organização, taylorismo e o fordismo tem um foco na produção em massa, com isso, o empregado se tornou uma peça exclusivamente executora de ordens pré-determinadas, obediente a um plano de trabalho pensado por quem estava a cima da linha de execução. No texto do Aktouf ele quer balancear essa relação trazendo para próximo essa relação entre quem produz e quem comanda, este cenário impulsiona, paradoxalmente, as organizações modernas a realizarem uma gestão diversa, renunciando, de forma relativa, ao poder, aos direitos de propriedade, à gestão unilateral e aos privilégios exclusivos. Isto implica a uma produção organizada e partilhada nos lucros, nas orientações, com maior autonomia e protagonismo do trabalhador, Dentro das organizações o empregado tem papeis diversificados e amplamente definidos, com treinamento em múltiplas competências para que sejam intercambiáveis e possam trabalhar de maneira flexível e orgânica, bem como de forma autogerenciada (Morgan, 2002).
Acho que um ponto que impacta nas organizações modernas e como se obtém e como se utiliza do lucro gerado pela organização, nas teóricas clássicas gera-se uma sede de controle e poder do empregador em face do empregado, através do fator financeiro e social, onde bloqueia a criatividade e a inovação das camadas mais baixas e utilizando da hierarquia e autoridade por meio da burocracia racionalizada e legal, não permitindo espaço de livre pensamento e manifestaçãodo trabalhador (Weber, 2000) esse pensamento afasta o trabalhador de postos mais altos dentro da organização, contribuindo com a desigualdade social e criando uma espécie de preconceito, já nas organizações modernas e seguindo uma vertente mais defendida por Aktouf, os gerentes assumem uma postura de mediadores e facilitadores das atividades executadas pelos empregados, evitando o papel de planejadores para gerenciar limites e condições propícias ao desenvolvimento, mesmo que ainda exista uma grande segregação social acho que a questão da meritocracia tem uma a ser traçada, acho que realmente não existam condições igualitárias, mas algumas coisas já evoluíram. Além disso, por meio da participação nos lucros, os empregados se sentem inseridos no contexto da organização, assumindo vontade de serem cúmplices da mesma, vivendo a mesma como uma extensão real da sua própria vida (Aktouf, 2001), ele também fala que Taylor e Fayol já tinham se deparado com um conflito entre capital e trabalho, onde os empresários estariam dispostos a partilhar lucros da empresa com seus empregados, ponto importante para a mudança das teorias clássicas, uma vez que não basta a mudança cultural do empregado, mas também o capital e a força de trabalho andar na mesma página.
Da escola de relações de humanas, protagonizada por Elton Mayo, houve não só contribuições as teorias e práticas administrativas, mas principalmente no estudo de como as relações sociais determinam a produtividade das empresas, ou seja, a inclusão de um ponto de vista voltado para outros aspectos até então não abordados, como condições ambientais, cooperação e formação de grupos informais, abrindo espaço para uma nova percepção do homem e de seu papel no trabalho. Essa base teórica continua sendo uma referência de grande importância para estudos de relações de trabalho e foi a base para o desenvolvimento da psicologia organizacional, a qual preconiza estudos de extrema relevância na atualidade, principalmente sobre a relação das práticas de gestão organizacionais e os respectivos impactos nos indivíduos. Esse é um ponto bem interessante, a visão do homem com um ser social e econômico, gerador de conflitos, o que não era perceptível a Mayo, mas que deve ser considerada, pois a sua individualidade, sua postura como ser único, possibilita interpelar a condição existente, apontando falhas e criando novas alternativas em uma prática autopensante que se baseia uma ação inteligente (Mogan, 2002).



2)      No entendimento de Prestes Motta, a burocracia vista como o ideal de racionalização do trabalho impede que os indivíduos se insiram na sociedade de acordo com as suas necessidades e o seu bem-estar pessoal, idéia que implica a noção de alienação. Ou seja, na opinião do autor, a burocracia domina completamente o trabalho humano, impedindo o trabalhador expressar as suas singularidades ou usufruir inteiramente o produto do seu trabalho. É possível se emancipar dessa “prisão”? Justifique a resposta tomando por base de sustentação o artigo de José Henrique de Faria e Francis Kanashiro Meneghetti (Burocracia como Organização, Poder e Controle).

Começo dizendo que a burocracia jamais será eliminada, ou seja, mesmo nas organizações modernas ela irá persistir, ela é necessária para o bom funcionamento das organizações, para sua organização e para que as regras sejam definidas e cumpridas, mas o excesso ou o descontrole sobre a burocracia pode causar diversos problemas, (Weber, 2000) fala sobre como através da burocracia o empregado se fecha dentro do processo criativo e participativo dentro da organização, não permitindo espaço de livre pensamento e manifestação do trabalhador.
A dominação se apresenta como um "'estado de coisas' no qual as ações dos dominados aparecem como se estes houvessem adotado como seu o conteúdo da vontade manifesta do dominante" (PRESTES MOTTA, 1981, p. 59). De acordo com Mészáros (2006) Marx apresenta a mais conhecida teorização sobre a alienação, que não parte da burocracia, mas do trabalho. A teoria da alienação do trabalho apresenta a contradição fundamental da produção capitalista de mercadorias, no sentido de que o trabalhador torna-se mais pobre na medida em que produz mais riqueza; torna-se mercadoria tão mais insignificante quanto mais riqueza produz. Dessa forma, enquanto cria valor no mundo das coisas, o mundo da vida dos homens aumenta em razão direta de sua depreciação.
Essa situação somente contribui para o alargamento das desigualdades onde a utilização da burocracia é um instrumento categorizado para separar quem produz de ter condições de alcançar postos de planejamento.
A burocracia deve ser entendida em seu espaço e tempo históricos, onde as empresas e o empregado devem ter conhecimento que diferentes empresas devem se utilizar de diferentes tipos de burocracia.
Tem-se que a empresa humanizada precisa do homem mais autônomo, com menos amarras burocráticas e mais empoderamento para se sentir acolhido na organização e desenvolver seus projetos por meio de sua criatividade, sentidos e desejos (Aktouf, 2001).
Vejo que a melhor solução para essa questão e a criação de medidas tecnológicas para facilitar e deixar o processo tecnológico mais transparente onde todos que fazem parte do processo consigam entender e discutir melhores soluções e conflitos, sugerindo mudanças e atualizações em processos demasiadamente lentos, sistemas de informação e processos digitais, transformam processos em papel obsoletos, onde o rastro do processo sempre será salvo e a informação estará sempre ao alcance de todos, a meu ver a transparência pode ser a melhor forma de quebrar essas correntes e trazer a liberdade para o empregado dentro da organização.

3)        No artigo “Emergência e Proliferação de Redes Organizacionais: Marcando Mudanças no Mundo dos Negócios”, de AlketaPeci, a autora argumenta que as redes organizacionais são cada vez mais necessárias para as organizações alcançarem flexibilidade, integração e eficiência coletiva. Todavia, mudanças de comportamento e valorização crescente do papel do homem dentro da organização são fundamentais para o alcance desses propósitos. Baseando-se na teoria das Redes Organizacionais, que elementos comportamentais (pertinentes ao indivíduo) e de valorização do homem no trabalho (pertinentes à organização) você considera que atenderiam o argumento da autora do artigo? Cite dois elementos para cada uma dessas dimensões, justificando-os.

As redes organizacionais se baseiam em parceria e colaboração envoltas em drástica mudança comportamental gerencial como resposta às crescentes e corriqueiras mudanças ambientais e à necessidade de interdependência entre as organizações.Para se adaptarem às constantes mutações do sistema gerencial e de consumo, as redes implantam uma flexibilidade interna e externa, buscando maior eficiência coletiva, valorizando, assim, o papel do homem dentro da organização.
AlketaPeci aponta que a inovação tecnológica e o elevado grau de incerteza provocado por um ambiente dinâmico e variável causa uma complexidade e um caráter multifacetado das interconexões empresariais, expondo, a seu ver, um caminho de valores significativos para todos os membros da área; existência de relações entre organizações dissimilares, mas cujas sorte são positivamente relacionadas, fortalecendo, assim, a colaboração; e a mudança de noção de planificação estratégia, levando em consideração o interesse dos outros.
A estrutura de uma organização deve ser entendida e analisada em termos de múltiplas redes de relação e, as ações, atitudes e comportamentos dos atores de uma organização decorrem da necessidade de se relacionar.
Já se referindo ao homem, a autora destaca que cada pessoa é importante para o todo, vez que possui um conhecimento tácito único, oriundo de sua experiencia de vida pessoal e profissional, sua formação como cidadão e seus valores, algo inseparável dos projetos e processos que participará.
Neste sentido, a individualidade de cada pessoa, em seu jeito de ser, pensar, sentir e agir, é um elemento comportamental de valorização do ser humano como ser racional singular e, esta singularidade agrega a coletividade, vez que em um planejamento ou execução de projeto não haverá uma homogeneidade de posturas e pensamentos lineares, mas sim uma discussão flexível e aberta sobre o tema de trabalho, em face da aceitação da diversidade no meio empresarial.
Esta receptividade da particularidade de cada ser humano diz respeito a interpessoalidade e a criação e fortalecimento deredes sociais, pois valoriza as pessoas e corrobora com possibilidade de interação no trabalho, fazendo com que o trabalhador se sinta pertencente à organização, como seu cumplice ativo (Aktouf, 2001).
Diante disso, tem-se uma maior integração das pessoas, seja, por meio de grupos formais, seja por meio de grupos pessoais, pois se relacionarão facilitando adaptação à mudançade ambientes complexos, onde se demanda flexibilidade.
A partir desse ponto se constata outros elementos comportamentais importantes para a solução de problemas decorrentes das mudanças e necessário à adaptabilidade em um cenário de rotineiras mudanças. A criatividade é umrequisito indispensável ao homem que, sujeito a alterações ambientais, precisa inovar e se amoldar aos anseios da rede e do mercado.
Repare-se que a criatividade advém da pessoa em si, relacionando-se com a sua individualidade e suas características próprias, mas também se desenvolve por meio do relacionamento com outras pessoas e diferentes formas de criar.
Estes elementos são imprescindíveis à competência de se precipitar transformações intencionais e de responder continuamente às alterações não antecipadas, se adequando às consequências inesperadas de mudanças ocorridas de maneira colaborativa, algo inerente às próprias redes organizacionais.
No que tange valorização do homem no trabalho pertinentes à organização, de plano cita-se a autonomia concedida ao empregado para que possa criar, se relacionar, aprender, desaprender e reaprender (Morgan, 2002).
A autonomia aqui defendida se refere a possibilidade do empregado em se manifestar, expor suas ideias, pensamentos, criações e colaborar com busca de soluções para alguma situação problema vivida pela empresa.
Importante que, neste sentido, o gerente seja um facilitador, um mediador no processo de criação, inovação e desenvolvimento da organização frente as modificações do meio, bem como na gerência de conflitos. Este estilo de liderança favorece a relação social, propicia a postura ativa do empregado e colaboração entre todos, permitindo ainda, que o trabalhador desenvolva suas tarefas de maneira desenvolta e se sinta confiante para dialogar, interagir e conciliar com seus colegas e com o referido gerente, construindo um consenso sobre o trabalho desenvolvido.
Outro elemento diz respeito a comunicação e a troca de informações constantes entre as pessoas, posto que, assim, conseguirão provocar as adaptações necessárias à organização frente a mutação do ambiente. Imprescindível que a comunicação seja não violenta, com um feedback constante, aceitação crítica e crescimento mútuo, vez que, lembrando do respeito a individualidade, se conseguirá melhorais pessoais, profissionais e empresariais.
Importante que haja interação entre as equipes, repassando conhecimento umas para as outras, permitindo a multifuncionalidade do empregado e aquisição de outras competências para atuação na planificação estratégia da ação de maneira coordenada e, conhecida pelas pessoas.
A administração de redes impõe a administração de estruturas flexíveis com o objetivo se alcançar a eficiência coletiva, por meio de gerencias que atuam em parceria com os trabalhadores.

É imprescindível citar que a autora, AlketaPeci, menciona que há necessidade de potencializar o homem no sentido físico, cognitivo, emotivo, profissional social e a integridade em si mesmo, posto que o ser humano está sujeito a diversas situações que afetam seu corpo e mente e não basta lança-lo em uma organização humanizada sem que se estabeleçam condições de melhorar a performance de um sistema sociotécnico e da própria integridade da vida sem que se construam condições conjuntas de força e sanidade física, nível de compreensão e competência, estabilidade emotiva, habilidade profissional e integração social, bem como confiança em si mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AKTOUF, O. Administração e Teorias das Organizações Contemporâneas: rumo a um humanismo-radical crítico?.Organizações & Sociedade, v. 8, n. 21, p. 13-33, 2001.

Morgan, Gareth, 1943 Imagens da organização: edição executiva/Gareth Morgan; tradução Geni G. Goldschmidt. - 2. ed. - 4a reimpressão - São Paulo : Atlas, 2002.

Weber, Max, 1864-1920 Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva / Max Weber; tradução de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa; Revisão técnica de Gabriel Cohn - Brasília, DF : Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. 586 p.

FARIA, José Henrique de; MENEGHETTI, Francis Kanashiro. Burocracia como organização, poder e controle. Rev. adm. empres.,  São Paulo ,  v. 51, n. 5, p. 424-439,  Oct.  2011 . 

sábado, 2 de maio de 2020

Gestão nas organizações públicas: modelo alternativo para autonomia



SIQUEIRA, M. V. S.; MENDES, A. M. Gestão de pessoas no setor público e a reprodução do setor privado. Revista do Serviço Público, Brasília. v . 60, n. 3, p. 241-250, jul./set., 2009.


Gestão nas organizações públicas: modelo alternativo para autonomia
Guilherme Augusto de Oliveira Freire

(1)         Contexto/problematização relacionado ao tema.

O artigo apresenta considerações a respeito da gestão organizacional como um todo a fim de discutir as particularidades da gestão de pessoas nas organizações públicas. Para isso, os autores enfatizam as especificidades da gestão pública, problematizando, então, a “importação” da lógica de gestão privada para as organizações públicas e defendendo que o modelo privado não condiz com a realidade e as necessidades públicas. 

(2) Relevância e justificativa.

A pesquisa justifica-se por tratar da gestão de pessoas em organizações públicas por uma perspectiva crítica, apontando, assim, a importância de modelos específicos para esse âmbito. Dessa maneira, sua relevância está na proposição de um modelo alternativo para essas organizações.

(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e específicos.

O artigo em questão não apresenta um problema de pesquisa delineado, contudo, problematiza-se a implantação de modelos de gestão copiados da iniciativa privada no setor público. Assim, o objetivo geral é analisar criticamente o “discurso contemporâneo em gestão de pessoas, verificando como discurso e prática gerencialistas se reproduzem no setor público, sem que haja a devida análise do fator ideológico que permeia a gestão privada”.

(4) Referencial teórico.

Tópicos
Detalhamento
Autores
Considerações acerca do imaginário organizacional moderno
-Gestão atual "doente", tem seu papel, sua função na organização e racionalização, porém, invade outras esferas da vida;
-Lógica da gestão privada como solução para o Estado e terceiro setor;
-Estratégia da flexibilização: tudo é flexibilizado, tornando o emprego temporário e precarizado para atender as necessidades de adaptação do mercado;
-Empregado: deve colocar o trabalho como prioridade na vida, triunfo da ideologia de realização de si mesmo;
-Ideologia gerencialista: tem fundamentos na quantificação e os valores perdem importância em função da racionalidade instrumental;
-Violência simbólica desse processo está na esfera individual e coletiva;
-Organização faz uso de operações para conseguir comprometimento do indivíduo: sedução e fascinação substituem o ideal de ego do indivíduo pelo organizacional;
-Discurso do superexecutivo de sucesso: dedicação única à organização e ao trabalho, fusão da identidade pessoal com a funcional e participação na tomada de decisões.
Gaulejac (2006), Chanlat (1996), Enriquez (1997), Levy (2001), Siqueira (2006).
Modelos de gestão em ação
-Modelos de gestão para as organizações públicas: constatação da importação de modelos do setor privado que não condizem com a realidade pública;
-Modelos gerenciais: carregados de carga de dominação inserida nos processos produtivos e administrativos;
-Controle é sutil: alcança a subjetividade do indivíduo que, por sua vez, não percebe o caráter controlador do modelo;
-Gestão de competência: modelo em voga que é um exemplo de discurso hegemônico em gestão de pessoas;
-Novo modelo de gestão de pessoas: necessário, tarefa complexa que exige reconhecimento das diferentes estruturas de funcionamento do ser humano;
-Abordagem psicodinâmica do trabalho: oferece as bases para a construção de espaços organizacionais que considerem as diferentes dimensões, dentre elas: técnica, de organização, social, de ordenamento, ética e da linguagem.
Miranda et all (2008), Diniz e Vieira (2008), Faria e Leal (2007), Heloani e Lancman (2004).


(5) Metodologia.

Elementos da pesquisa
Detalhamento
Autores
Tipo de pesquisa
Teórica
-
Abordagem
Qualitativa
-
Método de pesquisa
Pesquisa teórico-bibliográfica
-
População/Amostra
--
--



Unidade de Análise
--
-
Unidade de Observação
--
-
Coleta de Dados
--
--
Análise de Dados
Revisão bibliográfica
--


(6) Resultados.

O artigo em questão se organiza a partir de uma revisão teórico-bibliográfica, portanto, não possui em sua estrutura a apresentação de resultados, uma vez que não se trata de uma pesquisa prática e/ou empírica. Contudo, os autores trazem apontamentos a respeito do modelo alternativo considerado apropriado para a gestão no setor público: devem se embasar em fundamentos da psicodinâmica do trabalho, permitindo assim, a construção de espaços organizacionais abertos para escuta e para fala e voltados para a troca e a discussão, assim como para o compartilhamento.

(7) Considerações finais.

Os autores concluem reconhecendo a necessidade da gestão de pessoas no âmbito do setor público, contudo, enfatizando a importância de que seja construído um modelo próprio para as organizações públicas. Também destacam a necessidade de revisão dos modelos de gestão de pessoas de uma forma geral, salientando que mudanças pontuais na área de recursos humanos (como na remuneração, por exemplo) não são suficientes para enfrentar as causas que geram apatia ou desmotivação do servidor público. Até por isso mesmo, eles finalizam ressaltando a importância de um modelo próprio para gestão pública que além de eficiente, seja justo.

(8) Apreciação crítica - duas perguntas.

O artigo traz uma reflexão importante que condiz com a realidade da gestão de pessoas no setor público atualmente. As considerações apresentadas pelos autores são pertinentes e, nesse sentido, é possível perceber também uma boa fundamentação teórica que consegue discutir tanto a gestão em um sentido mais amplo quanto as especificidades de um modelo de gestão para as organizações públicas. Compreende-se, assim, que as colocações construídas sobre o modelo alternativo precisam ser mais discutidas por essa área do conhecimento e, portanto, merecem aprofundamento. Seguem as perguntas:

-O artigo critica fortemente a importação de modelos da gestão de pessoas advindos do setor privado para as organizações públicas. Considerando que essa importação é uma realidade no setor público, quais as consequências para o servidor público e, mais ainda, para os direitos (muitas vezes nomeados “serviços”) dos cidadãos?
-Os autores apresentam os elementos que consideram relevantes para o modelo alternativo de gestão de pessoas direcionado às organizações públicas, contudo, nomeiam alguns pressupostos que podem ser considerados idealistas de um ponto de vista mais pragmático. Portanto, cabe pensar: para além dos fundamentos teóricos que permitem construir essa crítica tão necessária, existem práticas imediatas cabíveis de serem implementadas para evitar a reprodução de um modelo inapropriado?