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quarta-feira, 9 de junho de 2021
"Qual é o papel da escola"?
A escola tem passado por várias alterações durante nosso desenvolvimento,
vertentes conservadoras apoiam tendências da escola tradicional como a escola
tecnicista que Segundo Matui (1988), a escola tecnicista desenvolve uma teoria de
aprendizagem que torna o aluno como depositário passivo dos conhecimentos. Esta
escola é, de certa forma, uma reedição da escola tradicional, diferenciando-se desta
pela valorização das técnicas e dos modelos pré-estabelecidos. Além das
contribuições teóricas do estruturalismo, ela não conseguiu superar os equívocos
apresentados pela escola tradicional. Outra diferença a ser mencionada em relação
à escola tradicional é que enquanto nesta o professor era o centro do processo de
ensino e o aluno um mero espectador, na escola tecnicista, ambos, professor e
aluno são componentes passivos do processo, pois o que tem real significado é o
sistema e as técnicas em si.
Para Saviani (2001) a escola tradicional foi instituída para combater a ignorância,
não tendo cumprido seu papel. A escola nova veio substituir a tradicional, no afã de
eliminar a rejeição, pois o aluno era um ser rejeitado e por esta razão ele não
aprendia. Por sua vez, a escola tecnicista foi concebida visando erradicar a
incompetência, sendo esta a razão da marginalidade social do aluno.
Como nossa sociedade vive uma divisão político-partidário em todos os setores, a
escola não seria deixada de fora, vejo que essas tendências conservadoras fazem
que o desenvolvimento dos últimos anos feitos através de pensadores como Paulo
Freire, Dermerval Saviani e Anísio Teixeira, trouxeram o construtivismo para dentro
do processo escolar, ele vem para desconstruir esse centralismo do poder sistêmico
que já foi utilizado como instrumento para formar mão de obra não-crítica, colocar
indivíduos escolarizados para se tornarem empregados para ocuparem sempre os
mesmos cargos e fazerem sempre as mesmas tarefas repetidas e repetidas vezes
sem questionar ou pensar fora do padrão. Devemos buscar por uma escola
independente, forte, onde o meio que ela está inserida, seus alunos e sua
comunidade se fortaleça como rompedora de correntes, quebrando os padrões e
pense fora da normalidade deixando seus alunos desenvolverem as suas melhores
habilidades individuais, só assim teremos uma sociedade mais igualitária e
estruturada. Essa escola é conhecida como pedagogia racionalista libertária em
função da ênfase na defesa da razão como instrumento de autonomia, como
expressão da capacidade crítica de cada indivíduo humano frente a superstição, a
mentira e mitos (FERRER Y GUARDIA, 2014). Essa escola libertadora tem o maior
papel na luta contra a desigualdade social tão crescente em nossa sociedade, só
ela pode quebrar esse círculo vicioso onde a elite sempre se desenvolve através do
suor da classe operaria. O alto investimento que as camadas médias e altas da
população empregam nas instituições de ensino privado, facilitam sua abertura,
representando um processo de mercantilização do sistema educacional, que
encontra sua origem na desvalorização do sistema público e na monopolização de
verbas do Estado por parte de uma elite, considerada "parceira" do governo na
aplicação financeira de projetos educacionais de caráter estritamente privatistas
(ANDES - SN, 2004). Este processo contribui para manter uma situação
conveniente para a elite brasileira, que encontrou condições para criar espaços de
Educação própria, distantes dos pobres, e capazes de manter o nível de "qualidade"
exigido pelo mercado (PATTO, 1997).
É essa escola no qual hoje é taxada de comunista sem o mínimo de embasamento
por uma parte de nossa sociedade, que é apedrejada por muitos que dizem que
nessa escola moderna existe uma distribuição de “kit gay”, mas que, na verdade,
falta dinheiro até para merenda, essa merenda, que para muitos alunos, é a única
forma de alimentação balanceada, é nela que devemos moldar nossos novos
membros da sociedade para buscarmos uma estrutura mais justa e equilibrada,
essas críticas e tentativas de regresso ao passado são medidas desesperadas de
uma elite amedrontada por ver o filho da empregada doméstica elevar seu nível
social através do estudo, do ingresso dele a universidade pública onde ainda temos
uma “elite intelectual” que busca fomentar-lhes a busca pelo senso crítico de uma
busca por qualidade de vida e a não subserviência ao tradicional.
Por fim esse é o papel da escola atual, onde não tem como objetivo apenas no
ensino e sim no indivíduo e sua comunidade ao redor, sendo um facilitador para a
compreensão da sociedade como um todo, democratizador do acesso ao
conhecimento, promoção da construção do ser crítico dentro dos alunos e uma
ferramenta libertadora para que possamos desenvolver e conquistas nossos
sonhos.
REFERÊNCIAS
ANDES - SN. A contra reforma do ensino superior: uma análise do ANDES - SN das
principais iniciativas de Lula da Silva. Brasília, 2004.
FERRER Y GUARDIA, F. A escola moderna. São Paulo: Biblioteca Terra Livre,
2014.
MATUI, J. Construtivismo. São Paulo: Moderna, 1998.
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 36 ed. São Paulo; Cortez, 2001.
PATTO, M. H. S. Por uma crítica da razão psicométrica. In Revista Psicologia. v8.
São Paulo: EDUSP, 1997
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