1) Os critérios de gestão adotados pelas
organizações modernas (qualidade total, excelência operacional e profissional,
competências etc) diferem ou não
daqueles consagrados pelos teóricos clássicos (Taylor, Fayol, Ford, Mayo e
Weber)? Inspirando-se no artigo de Omar Aktouf (Administração e Teorias das
Organizações Contemporâneas: Rumo a um Humanismo-Radical Crítico?), aponte 5
elementos que justifiquem a resposta, desenvolvendo os argumentos
correspondentes a cada um deles.
Aktouf não descarta totalmente os
teóricos clássicos, no meu entendimento, ele faz mais uma releitura deles
trazendo para um contexto mais humanístico, trazer essas teorias clássicas para
a modernidade não é uma tarefa muito complexa, na verdade essas teorias moldam
a administração atual, criando uma conjunção de todas em uma nova roupagem,
como na moda o que é vintage sempre volta com força total.
Acredito que a diferença
primordial entre as teorias clássica e as organizações modernas se coloca na
importância do papel do homem dentro da organização, taylorismo e o fordismo tem
um foco na produção em massa, com isso, o empregado se tornou uma peça
exclusivamente executora de ordens pré-determinadas, obediente a um plano de
trabalho pensado por quem estava a cima da linha de execução. No texto do
Aktouf ele quer balancear essa relação trazendo para próximo essa relação entre
quem produz e quem comanda, este cenário impulsiona, paradoxalmente, as organizações
modernas a realizarem uma gestão diversa, renunciando, de forma relativa, ao
poder, aos direitos de propriedade, à gestão unilateral e aos privilégios
exclusivos. Isto implica a uma produção organizada e partilhada nos lucros, nas
orientações, com maior autonomia e protagonismo do trabalhador, Dentro das organizações
o empregado tem papeis diversificados e amplamente definidos, com treinamento
em múltiplas competências para que sejam intercambiáveis e possam trabalhar de
maneira flexível e orgânica, bem como de forma autogerenciada (Morgan, 2002).
Acho que um ponto que impacta nas
organizações modernas e como se obtém e como se utiliza do lucro gerado pela
organização, nas teóricas clássicas gera-se uma sede de controle e poder do
empregador em face do empregado, através do fator financeiro e social, onde
bloqueia a criatividade e a inovação das camadas mais baixas e utilizando da
hierarquia e autoridade por meio da burocracia racionalizada e legal, não
permitindo espaço de livre pensamento e manifestaçãodo trabalhador (Weber,
2000) esse pensamento afasta o trabalhador de postos mais altos dentro da
organização, contribuindo com a desigualdade social e criando uma espécie de
preconceito, já nas organizações modernas e seguindo uma vertente mais
defendida por Aktouf, os gerentes assumem uma postura de mediadores e facilitadores
das atividades executadas pelos empregados, evitando o papel de planejadores
para gerenciar limites e condições propícias ao desenvolvimento, mesmo que
ainda exista uma grande segregação social acho que a questão da meritocracia
tem uma a ser traçada, acho que realmente não existam condições igualitárias,
mas algumas coisas já evoluíram. Além disso, por meio da participação nos
lucros, os empregados se sentem inseridos no contexto da organização, assumindo
vontade de serem cúmplices da mesma, vivendo a mesma como uma extensão real da
sua própria vida (Aktouf, 2001), ele também fala que Taylor e Fayol já tinham
se deparado com um conflito entre capital e trabalho, onde os empresários
estariam dispostos a partilhar lucros da empresa com seus empregados, ponto importante
para a mudança das teorias clássicas, uma vez que não basta a mudança cultural
do empregado, mas também o capital e a força de trabalho andar na mesma página.
Da escola de relações
de humanas, protagonizada por Elton Mayo, houve não só contribuições as teorias
e práticas administrativas, mas principalmente no estudo de como as relações
sociais determinam a produtividade das empresas, ou seja, a inclusão de um
ponto de vista voltado para outros aspectos até então não abordados, como
condições ambientais, cooperação e formação de grupos informais, abrindo espaço
para uma nova percepção do homem e de seu papel no trabalho. Essa base teórica
continua sendo uma referência de grande importância para estudos de relações de
trabalho e foi a base para o desenvolvimento da psicologia organizacional, a
qual preconiza estudos de extrema relevância na atualidade, principalmente
sobre a relação das práticas de gestão organizacionais e os respectivos
impactos nos indivíduos. Esse é um ponto bem interessante, a visão do homem com
um ser social e econômico, gerador de conflitos, o que não era perceptível a
Mayo, mas que deve ser considerada, pois a sua individualidade, sua postura
como ser único, possibilita interpelar a condição existente, apontando falhas e
criando novas alternativas em uma prática autopensante que se baseia uma ação
inteligente (Mogan, 2002).
2) No entendimento de Prestes Motta, a
burocracia vista como o ideal de racionalização do trabalho impede que os
indivíduos se insiram na sociedade de acordo com as suas necessidades e o seu
bem-estar pessoal, idéia que implica a noção de alienação. Ou seja, na opinião
do autor, a burocracia domina completamente o trabalho humano, impedindo o
trabalhador expressar as suas singularidades ou usufruir inteiramente o produto
do seu trabalho. É possível se emancipar dessa “prisão”? Justifique a resposta
tomando por base de sustentação o artigo de José Henrique de Faria e Francis
Kanashiro Meneghetti (Burocracia como Organização, Poder e Controle).
Começo dizendo que a burocracia
jamais será eliminada, ou seja, mesmo nas organizações modernas ela irá
persistir, ela é necessária para o bom funcionamento das organizações, para sua
organização e para que as regras sejam definidas e cumpridas, mas o excesso ou
o descontrole sobre a burocracia pode causar diversos problemas, (Weber, 2000)
fala sobre como através da burocracia o empregado se fecha dentro do processo
criativo e participativo dentro da organização, não permitindo espaço de livre
pensamento e manifestação do trabalhador.
A
dominação se apresenta como um "'estado de coisas' no qual as ações dos
dominados aparecem como se estes houvessem adotado como seu o conteúdo da
vontade manifesta do dominante" (PRESTES MOTTA, 1981, p. 59). De acordo
com Mészáros (2006) Marx apresenta a mais conhecida teorização sobre a
alienação, que não parte da burocracia, mas do trabalho. A teoria da alienação
do trabalho apresenta a contradição fundamental da produção capitalista de
mercadorias, no sentido de que o trabalhador torna-se mais pobre na medida em
que produz mais riqueza; torna-se mercadoria tão mais insignificante quanto
mais riqueza produz. Dessa forma, enquanto cria valor no mundo das coisas, o
mundo da vida dos homens aumenta em razão direta de sua depreciação.
Essa
situação somente contribui para o alargamento das desigualdades onde a
utilização da burocracia é um instrumento categorizado para separar quem produz
de ter condições de alcançar postos de planejamento.
A
burocracia deve ser entendida em seu espaço e tempo históricos, onde as
empresas e o empregado devem ter conhecimento que diferentes empresas devem se
utilizar de diferentes tipos de burocracia.
Tem-se que a empresa humanizada
precisa do homem mais autônomo, com menos amarras burocráticas e mais empoderamento
para se sentir acolhido na organização e desenvolver seus projetos por meio de
sua criatividade, sentidos e desejos (Aktouf, 2001).
Vejo que a melhor solução para essa questão e a criação de medidas
tecnológicas para facilitar e deixar o processo tecnológico mais transparente
onde todos que fazem parte do processo consigam entender e discutir melhores
soluções e conflitos, sugerindo mudanças e atualizações em processos
demasiadamente lentos, sistemas de informação e processos digitais, transformam
processos em papel obsoletos, onde o rastro do processo sempre será salvo e a
informação estará sempre ao alcance de todos, a meu ver a transparência pode
ser a melhor forma de quebrar essas correntes e trazer a liberdade para o
empregado dentro da organização.
3)
No artigo “Emergência e Proliferação de Redes Organizacionais: Marcando
Mudanças no Mundo dos Negócios”, de AlketaPeci, a autora argumenta que as redes
organizacionais são cada vez mais necessárias para as organizações alcançarem
flexibilidade, integração e eficiência coletiva. Todavia, mudanças de
comportamento e valorização crescente do papel do homem dentro da organização
são fundamentais para o alcance desses propósitos. Baseando-se na teoria das
Redes Organizacionais, que elementos
comportamentais (pertinentes ao indivíduo) e de valorização do homem no trabalho (pertinentes à organização) você
considera que atenderiam o argumento da autora do artigo? Cite dois elementos
para cada uma dessas dimensões, justificando-os.
As redes organizacionais se
baseiam em parceria e colaboração envoltas em drástica mudança comportamental gerencial
como resposta às crescentes e corriqueiras mudanças ambientais e à necessidade
de interdependência entre as organizações.Para se adaptarem às constantes
mutações do sistema gerencial e de consumo, as redes implantam uma flexibilidade
interna e externa, buscando maior eficiência coletiva, valorizando, assim, o
papel do homem dentro da organização.
AlketaPeci aponta que a inovação
tecnológica e o elevado grau de incerteza provocado por um ambiente dinâmico e
variável causa uma complexidade e um caráter multifacetado das interconexões
empresariais, expondo, a seu ver, um caminho de valores significativos para
todos os membros da área; existência de relações entre organizações
dissimilares, mas cujas sorte são positivamente relacionadas, fortalecendo,
assim, a colaboração; e a mudança de noção de planificação estratégia, levando
em consideração o interesse dos outros.
A estrutura de uma organização
deve ser entendida e analisada em termos de múltiplas redes de relação e, as
ações, atitudes e comportamentos dos atores de uma organização decorrem da
necessidade de se relacionar.
Já se referindo ao homem, a
autora destaca que cada pessoa é importante para o todo, vez que possui um
conhecimento tácito único, oriundo de sua experiencia de vida pessoal e
profissional, sua formação como cidadão e seus valores, algo inseparável dos
projetos e processos que participará.
Neste sentido, a individualidade
de cada pessoa, em seu jeito de ser, pensar, sentir e agir, é um elemento
comportamental de valorização do ser humano como ser racional singular e, esta
singularidade agrega a coletividade, vez que em um planejamento ou execução de
projeto não haverá uma homogeneidade de posturas e pensamentos lineares, mas
sim uma discussão flexível e aberta sobre o tema de trabalho, em face da aceitação
da diversidade no meio empresarial.
Esta receptividade da particularidade
de cada ser humano diz respeito a interpessoalidade e a criação e
fortalecimento deredes sociais, pois valoriza as pessoas e corrobora com possibilidade
de interação no trabalho, fazendo com que o trabalhador se sinta pertencente à
organização, como seu cumplice ativo (Aktouf, 2001).
Diante disso, tem-se uma maior
integração das pessoas, seja, por meio de grupos formais, seja por meio de
grupos pessoais, pois se relacionarão facilitando adaptação à mudançade
ambientes complexos, onde se demanda flexibilidade.
A partir desse ponto se constata
outros elementos comportamentais importantes para a solução de problemas
decorrentes das mudanças e necessário à adaptabilidade em um cenário de
rotineiras mudanças. A criatividade é umrequisito indispensável ao homem que, sujeito
a alterações ambientais, precisa inovar e se amoldar aos anseios da rede e do
mercado.
Repare-se que a criatividade
advém da pessoa em si, relacionando-se com a sua individualidade e suas
características próprias, mas também se desenvolve por meio do relacionamento
com outras pessoas e diferentes formas de criar.
Estes elementos são
imprescindíveis à competência de se precipitar transformações intencionais e de
responder continuamente às alterações não antecipadas, se adequando às consequências
inesperadas de mudanças ocorridas de maneira colaborativa, algo inerente às
próprias redes organizacionais.
No que tange valorização do homem
no trabalho pertinentes à organização, de plano cita-se a autonomia concedida
ao empregado para que possa criar, se relacionar, aprender, desaprender e
reaprender (Morgan, 2002).
A autonomia aqui defendida se
refere a possibilidade do empregado em se manifestar, expor suas ideias,
pensamentos, criações e colaborar com busca de soluções para alguma situação
problema vivida pela empresa.
Importante que, neste sentido, o
gerente seja um facilitador, um mediador no processo de criação, inovação e
desenvolvimento da organização frente as modificações do meio, bem como na
gerência de conflitos. Este estilo de liderança favorece a relação social,
propicia a postura ativa do empregado e colaboração entre todos, permitindo
ainda, que o trabalhador desenvolva suas tarefas de maneira desenvolta e se
sinta confiante para dialogar, interagir e conciliar com seus colegas e com o
referido gerente, construindo um consenso sobre o trabalho desenvolvido.
Outro elemento diz respeito a
comunicação e a troca de informações constantes entre as pessoas, posto que,
assim, conseguirão provocar as adaptações necessárias à organização frente a
mutação do ambiente. Imprescindível que a comunicação seja não violenta, com um
feedback constante, aceitação crítica e crescimento mútuo, vez que, lembrando
do respeito a individualidade, se conseguirá melhorais pessoais, profissionais
e empresariais.
Importante que haja interação
entre as equipes, repassando conhecimento umas para as outras, permitindo a
multifuncionalidade do empregado e aquisição de outras competências para
atuação na planificação estratégia da ação de maneira coordenada e, conhecida
pelas pessoas.
A administração de redes impõe a
administração de estruturas flexíveis com o objetivo se alcançar a eficiência
coletiva, por meio de gerencias que atuam em parceria com os trabalhadores.
É imprescindível citar que a
autora, AlketaPeci, menciona
que há necessidade de potencializar o homem no sentido físico, cognitivo,
emotivo, profissional social e a integridade em si mesmo, posto que o ser
humano está sujeito a diversas situações que afetam seu corpo e mente e não
basta lança-lo em uma organização humanizada sem que se estabeleçam condições
de melhorar a performance de um sistema sociotécnico e da própria integridade
da vida sem que se construam condições conjuntas de força e sanidade física,
nível de compreensão e competência, estabilidade emotiva, habilidade
profissional e integração social, bem como confiança em si mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AKTOUF,
O. Administração e Teorias das Organizações Contemporâneas: rumo a um
humanismo-radical crítico?.Organizações & Sociedade,
v. 8, n. 21, p. 13-33, 2001.
Morgan,
Gareth, 1943 Imagens da organização: edição executiva/Gareth Morgan;
tradução Geni G. Goldschmidt. - 2. ed. - 4a reimpressão - São Paulo : Atlas,
2002.
Weber,
Max, 1864-1920 Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva
/ Max Weber; tradução de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa; Revisão técnica
de Gabriel Cohn - Brasília, DF : Editora Universidade de Brasília: São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. 586 p.
FARIA, José Henrique de;
MENEGHETTI, Francis Kanashiro. Burocracia como organização, poder e controle. Rev.
adm. empres., São Paulo , v. 51, n. 5, p.
424-439, Oct. 2011 .
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