Texto Resenha 02 A ed fis escolar e a GG com sentido pedagógico
RESENHA: APLICANDO A GINÁSTICA GERAL NO CONTEXTO ESCOLAR.
GUALLARDO, Jorge
Sérgio Perez. A Educação Física Escolar e a Ginástica Geral com Sentido
Pedagógico. In:PAOLIELLO,Elizabeth Ginástica
Geral:experiências e reflexões. São Paulo:Phorte, 2008. p.55-77.
O autor do Jorge Sérgio Perez é graduado em Educação Física
pela Universidad de Chile (1970), tem mestrado em Educação Física pela
Universidade de São Paulo (1988) e doutorado em Psicologia pela Universidade de
São Paulo (1993). Atualmente é professor da Faculdade de Educação Física da
Universidade de Campinas. Tem experiência na área de Educação Física com ênfase
em Educação Física escolar e atua principalmente nos seguintes temas:
educação física e educação física escolar.
O autor do texto inicia
fazendo sua definição de Ginástica Geral, traçando um comparativo da ginástica
praticada no Brasil e na Europa, definindo o campo da Ginástica Geral no Brasil
e demarcando os possíveis praticantes das Gymnaestradas, O autor expõe alguns
elementos como a classe econômica dos participantes de praticas
esportivo-recreativas no Brasil que mesmo com o passar do tempo (o texto foi
publicado em 2008) ainda tendem a continuar vigentes na nossa sociedade, logo
após o autor faz criticas sobre a postura da CBG nos critérios de participação
nos Gymnaestradas, sendo que para o autor deveria ser incluído os fatores
pedagógicos da participação, essa reflexão faz muito sentido quando o autor
começa a fazer um comparativo dos técnicos envolvidos em festival e o papel do
professor de educação física nesse cenário, que deveria ser ampliado para que o
processo de ensino-aprendizagem esteja inserido nas apresentações dos eventos
de ginástica geral.
Chegar a uma definição sobre o que é ginástica geral não tem
sido fácil, pois os parâmetros apontados pela Confederação Brasileira de
Ginástica (CBG) para participar da Gymnaestradas Mundial foram considerados
como uma definição de GG.
O autor também define de
forma clara os espaços utilizados na Ginástica Geral com sentido pedagógico,
colocando o foco para a escola. Nas definições de conteúdos de cultura corporal
ele define cada área possível de ser utilizada na Ginástica Geral com
orientação pedagógica, seguindo pelas vertentes da ginástica, jogos, brincadeiras
e fazendo algumas observações para esportes e lutas, onde precisam se uma
flexibilização para que não tenham caráter competitivo. O autor define também
outros elementos da Ginástica Geral como Danças, Elementos de Artes Musicais,
Elementos das Artes Cênicas e Elementos das Artes Plásticas, no meu
entendimento o autor cria uma espécie de manual para se utilizar da Ginástica
Geral com sentido pedagógico e relacionando com outros autores, acho que o
texto fica um pouco fixo demais. Observo que devemos dar mais liberdade a GG
principalmente no ambiente escolar.
Gymnaestrada Mundial é um evento realizado de quatro em
quatro anos na Europa, onde participam profissionais que trabalham com
manifestações de elementos considerados componentes da Educação Física. Por esse
motivo a Federação Internacional de Ginástica (FIG) unifica atividades
variadas, como se pode constatar no livro História da Ginástica no Brasil e no
Regulamento para Participação na 12ª Gymnaestrada Mundial do Comitê Técnico da Confederação
Brasileira de Ginástica (2002) direcionada aos participantes da XII
Gymnaestrada Mundial de 2003 em Lisboa. Neste regulamento a Ginástica Geral
(GG) é compreendida por diversas atividades físicas voltadas para lazer,
manifestações corporais no contexto de cultura nacional. A GG engloba
modalidades competitivas reconhecidas pela FIG, à dança, atividades acrobáticas
e expressões folclóricas de ambos os sexos, sem limite de participantes
buscando desenvolver saúde, bem estar geral e interação social.
Ao analisarmos essa proposta podemos perceber que a Educação
Física na Europa é diferente da na América Latina. A Educação Física na Europa
possui uma parte onde o esporte é seu principal conteúdo com foco na
competição, principalmente para a população infanto-juvenil. Por outro lado a
população adulta pratica atividades artístico-recreativas voltadas para saúde
devido a políticas públicas de incentivo e fornecimento de infra-estrutura
necessária para as atividades. Dessa forma compreende-se a quantidade de participação
em clubes, centros recreativos e instituições educativas o que leva a
diversidade de práticas esportivas, artísticas e recreativas, esse público é
que o participa das Gymnaestrada.
A Educação Física no Brasil tem foco mais educacional, onde o
professor tem como objetivo colocar o aluno em contato com conhecimentos sobre
a cultura corporal do movimento, orientar formação do cidadão e não atleta como
na Europa. A maior parte da população
pratica esporte-recreativas esporadicamente e sem orientação técnica. Outra
parte da população com mais recursos econômicos pratica em clubes ou academias
com orientação para competição. Os participantes de eventos de GG são as
instituições de competições que se adaptam as normas estabelecidas pela CBG, e
também academias de dança e arte utilizam desse espaço muitas vezes por não
terem nível suficiente para participação de eventos de sua especialidade. Há
uma diferença entre a Europa e o Brasil na questão na participação na
Gymnaestradas onde aqui no Brasil os trabalhos para esse evento são esporádicos
e para os europeus é permanente.
A Gymnaestradas é composta por demonstrações artísticas de
atividades culturais caracterizado pela mistura de profissionais, de participantes
e de culturas, portanto possui interpretações variadas e criativas. O que se
nota é que algumas definições colocadas pela CBG não podem ser tomadas como
referência para se definir a GG com sentido pedagógico uma vez que ela apenas
define que a GG contribuinte para saúde e bem estar físico e psíquico. Com a
diversidade de profissionais na participação dos eventos de GG proposto pela
CBG, há uma grande heterogeneidade de trabalhos, como já se é esperado cada técnico
apresentam trabalhos que correspondem a sua atuação profissional.
Os professores de Educação Física com licenciatura são
capacitados para pesquisar, analisar, sistematizar e aplicar a produção de
cultura corporal no contexto escolar e comunitário, sendo assim se ele
participar de uma Gymnaestrada espera se que seu trabalho reflita o processo
pedagógico e uma visão diferente sobre GG comparado aos profissionais de dança
e teatro por exemplo. Dessa forma se fez
necessário criar um conceito de GG com sentido pedagógico definindo a como espaço
de vivência de valores humanos que possibilita a apropriação dos elementos da
cultura corporal de relevância pelo grupo social com o objetivo de aumentar
recursos motores que permitam interagir com as pessoas que fazem parte da
comunidade local.
O autor apresenta três formas de aplicar os conhecimentos no
âmbito escolar, onde cada uma envolve um objetivo diferente. São elas; a vivência
que tem objetivo de colocar os alunos em contato com cultura corporal; a
prática que tem como objetivo facilitar a aprendizagem de forma que os alunos
consigam dominar e estabilizar as técnicas de execução, e o treino que tem como
objetivo que os alunos internalizem as técnicas de uma modalidade cultura
corporal. O autor apresenta os conteúdos da cultura corporal que fazem parte da
Educação Física, são eles conteúdos de Ginástica construída, natural,
competitivas, geral, além de outras composições que estão dentro da GG como
jogos e brincadeiras, lutas, esportes.
Além desses conteúdos, ele também apresenta elementos de alguns
conteúdos que devem ser aplicados que são compartilhadas com outras áreas do
conhecimento como a Dança, Artes Cênicas e a Artes Plásticas.
Conforme concluído pelo autor é de responsabilidade a
apropriação de todos os conteúdos de cultura corporal que dizem respeito à
Educação Física para os alunos, não se deve apenas aplicar alguns como tem
acontecido em muitas aulas de Educação Física. A GG é de extrema importância no
contexto escolar, segundo (AYOUB, 2003) apreender a GG geral na escola
significa
“estudar, vivenciar, conhecer,
compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar,
apreender as inúmeras interpretações da ginástica para, com base nesse
aprendizado, buscar novos significados e criar novas possibilidades de
expressão gímnica”.
Ela também coloca que a GG tem sido compreendida como uma
ginástica para todos, voltada para o lazer que visa estimular o prazer pela
prática da ginástica com criatividade e liberdade de expressão, tornando um
espaço viável para a vivência da cultura corporal. Essas idéias batem com a
proposta do autor uma vez que ele coloca que GG no contexto pedagógico deve
envolver também a comunidade ao seu redor e ter uma abordagem sociocultural.
O texto é um manual muito
bem feito para professores de Educação Física aplicarem métodos de Ginástica
Geral na escola, o autor tem grande domínio sobre o assunto e nos indica como
seguir no desenvolvimento da Ginástica
Geral dentro da escola, mas ao meu ver o texto não se adapta tão bem a todas as
realidades da nossa sociedade atual principalmente em comunidades remotas ou de
baixo poder aquisitivo, no meu entendimento da ginástica geral deve ser mais para
socializar e integrar os alunos que para criar apresentações bonitas, A GG pode
proporcionar, além do divertimento e satisfação provocada pela própria
atividade (na medida em que busca o resgate do núcleo primordial da ginástica –
o divertimento), o desenvolvimento da criatividade, da ludicidade e da
participação, a apreensão pelos alunos das inúmeras interpretações da
ginástica, e a busca de novos significados e possibilidades de expressão
gímnica (AYOUB, 2003) a grande maioria das nossas escolas não tem condições de
criar eventos e os alunos mal conseguem acompanhar os conteúdos mais simples. Para
Daolio (2002), é um equívoco imaginar que todas as escolas devam trabalhar com
um mesmo currículo fechado e inflexível, desconsiderando o contexto no qual
estão inseridas. Por isso o autor não concorda com a sistematização de
conteúdos na Educação Física, nos mesmos moldes das outras disciplinas, Daolio
(2002) defende a necessidade de planejamentos quando estes são tomados como
referência, e não como verdade absoluta; atualizados constantemente,
construídos e debatidos com os próprios alunos, relacionados com o projeto
escolar. Então a Ginástica Geral é sim uma excelente possibilidade para
socializar e integrar os alunos, criando uma alternativa a pratica de esportes
como futebol e vôlei, tão presentes na nossa cultura escolar criando uma maior
pluralidade de atividades físicas no ambiente escolar.
REFERÊNCIAS:
AYOUB, E. A
Ginástica Geral e Educação Física escolar. Campinas: UNICAMP, 2003.
BARBOSA, I. P. A
Ginástica nos cursos de licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná.
1999. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação Física, UNICAMP,
Campinas, 1999.
COLETIVO DE
AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez,
1992.
DAOLIO, J. Jogos esportivos
coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos, modelo pendular a
partir das idéias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e
Movimento, Brasília, v.10, n.4, p.99-104, 2002.
FÉDÉRATION INTERNATIONALE
DE GYMNASTIQUE (FIG). General gymnastics manual. Moutier: 1993.
OLIVEIRA, N. R. C;
LOURDES, L. F. C. GINÁSTICA GERAL NA ESCOLA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA.
Pensar a Prática, [S.l.], v. 7, n. 2, p. 221-230, nov. 2006. ISSN 1980-6183.
Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/97/2352>.
Acesso em: 16 outubro 2018. doi:https://doi.org/10.5216/rpp.v7i2.97.