FERREIRA FILHO, R.
A.; NUNOMURA, M.; TSUKAMOTO, M. H. C. Ginástica
artística e estatura: mitos e verdades na sociedade brasileira. Revista
Mackenzie de Educação Física e Esporte. 2006
Os autores do artigo possuem graduação em Educação Físicaou
em Esportes no caso Mariana Harumi Cruz Tsukamoto, mas todos tem algum tipo de
pós graduação na área de esportes, Mariana Harumi Cruz Tsukamoto tem doutorado
em Ciências pela Universidade de São Paulo - Escola de Educação Física e
Esporte (2012). Atualmente é professora doutora da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades - Universidade de São Paulo ela tem experiência na área de Educação
Física e Esporte, atuando principalmente nos seguintes temas: pedagogia do
esporte, formação em educação física e esporte e ginástica, já Raul Alves
Ferreira Filho tem mestrado em Educação Física pela Universidade de São Paulo
(2007). Atualmente está aposentado. Foi professor titular do Instituto
Presbiteriano Mackenzie Fef até Junho de 2013.Tem experiência na área de
Educação Física, com ênfase em Ginástica Olímpica, atuando principalmente nos
seguintes temas: educação física, ginástica artística, competição, crescimento,
estatura e educação física escolar e MyrianNunomura tem mestrado em Educação
pela Yokohama NationalUniversity, Japão (1995). Doutorado em Ciências do
Esporte pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Pós-doutoramento no
Instituteof Health and Sports Sciences da UniversityofTsukuba, Japão
(2006-2008). Livre docência em Educação Física pela Universidade de São Paulo
(2009). Atualmente é professora Titular da Escola de Educação Física e Esporte
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Desenvolve estudos em Ginástica
Artística e Pedagogia do Esporte, Todos os três tem grande vivência no tema e
são capacitados para discursar sobre o assunto.
O artigo é divido em seções onde os
autores tentam exemplificar e demostrar os aspectos dos mitos e verdades sobre
as características físicas dos atletas de Ginastica Artística, na primeira
seção eles começam com um introdução sobre o assunto criando uma hipótese onde
o trabalho será baseado, “se a baixa estatura dos ginastas estaria diretamente
associada aos treinos intensivos da modalidade”, levando em consideração
estudos auxologicos, que eles definem como “Estudos relacionados ao
crescimento humano”, na segunda seção eles definem as características da
ginastica artística feminina, onde citam outros autores querendo demonstrar que
“medidas menores das ginastas de alto nível, favorecem a realização de
acrobacias mais complexas, principalmente as rotações no eixo transversal e
suas variações”, já na terceira seção os autores
definem o que seria o alto rendimento da GA, demonstram onde e como ocorrem as
competições, citam também alguns eventos onde crianças participam e dão ênfase
aos anos de dedicação e trabalho duro que necessita para se chegar ao pódio,
também contrastam alguns atletas que estão fora dos padrões de biótipos que
conquistaram vários títulos, e chegam a conclusão que em competições de alto
nível o biótipo do atleta pode sim fazer grande diferença pois devido a grande
competitividade a facilidade corporal pode decidir as competições.
O autor do texto inicia
fazendo sua definição de Ginástica Geral, traçando um comparativo da ginástica
praticada no Brasil e na Europa, definindo o campo da Ginástica Geral no Brasil
e demarcando os possíveis praticantes das Gymnaestradas, O autor expõe alguns
elementos como a classe econômica dos participantes de praticas
esportivo-recreativas no Brasil que mesmo com o passar do tempo (o texto foi
publicado em 2008) ainda tendem a continuar vigentes na nossa sociedade, logo
após o autor faz criticas sobre a postura da CBG nos critérios de participação
nos Gymnaestradas, sendo que para o autor deveria ser incluído os fatores pedagógicos
da participação, essa reflexão faz muito sentido quando o autor começa a fazer
um comparativo dos técnicos envolvidos em festival e o papel do professor de
educação física nesse cenário, que deveria ser ampliado para que o processo de
ensino-aprendizagem esteja inserido nas apresentações dos eventos de ginástica
geral.
Chegar a uma definição sobre o que é ginástica geral não tem
sido fácil, pois os parâmetros apontados pela Confederação Brasileira de
Ginástica (CBG) para participar da Gymnaestradas Mundial foram considerados
como uma definição de GG.
O autor também define de
forma clara os espaços utilizados na Ginástica Geral com sentido pedagógico,
colocando o foco para a escola. Nas definições de conteúdos de cultura corporal
ele define cada área possível de ser utilizada na Ginástica Geral com
orientação pedagógica, seguindo pelas vertentes da ginástica, jogos,
brincadeiras e fazendo algumas observações para esportes e lutas, onde precisam
se uma flexibilização para que não tenham caráter competitivo. O autor define
também outros elementos da Ginástica Geral como Danças, Elementos de Artes
Musicais, Elementos das Artes Cênicas e Elementos das Artes Plásticas, no meu
entendimento o autor cria uma espécie de manual para se utilizar da Ginástica
Geral com sentido pedagógico e relacionando com outros autores, acho que o texto
fica um pouco fixo demais. Observo que devemos dar mais liberdade a GG
principalmente no ambiente escolar.
Gymnaestrada Mundial é um evento realizado de quatro em
quatro anos na Europa, onde participam profissionais que trabalham com
manifestações de elementos considerados componentes da Educação Física. Por
esse motivo a Federação Internacional de Ginástica (FIG) unifica atividades
variadas, como se pode constatar no livro História da Ginástica no Brasil e no
Regulamento para Participação na 12ªGymnaestrada Mundial do Comitê Técnico
da Confederação Brasileira de Ginástica (2002) direcionada aos participantes da
XII Gymnaestrada Mundial de 2003 em Lisboa. Neste regulamento a Ginástica Geral
(GG) é compreendida por diversas atividades físicas voltadas para lazer,
manifestações corporais no contexto de cultura nacional. A GG engloba
modalidades competitivas reconhecidas pela FIG, à dança, atividades acrobáticas
e expressões folclóricas de ambos os sexos, sem limite de participantes
buscando desenvolver saúde, bem estar geral e interação social.
Ao analisarmos essa proposta podemos perceber que a Educação
Física na Europa é diferente da na América Latina. A Educação Física na Europa
possui uma parte onde o esporte é seu principal conteúdo com foco na
competição, principalmente para a população infanto-juvenil. Por outro lado a
população adulta pratica atividades artístico-recreativas voltadas para saúde
devido a políticas públicas de incentivo e fornecimento de infra-estrutura
necessária para as atividades. Dessa forma compreende-se a quantidade de participação
em clubes, centros recreativos e instituições educativas o que leva a
diversidade de práticas esportivas, artísticas e recreativas, esse público é
que o participa das Gymnaestrada.
A Educação Física no Brasil tem foco mais educacional, onde o
professor tem como objetivo colocar o aluno em contato com conhecimentos sobre
a cultura corporal do movimento, orientar formação do cidadãoe não atleta como
na Europa. A maior parte da população
pratica esporte-recreativasesporadicamente e sem orientação técnica. Outra
parte da população com mais recursos econômicos pratica em clubes ou academias
com orientação para competição. Os participantes de eventos de GG são as
instituições de competições que se adaptam as normas estabelecidas pela CBG, e
também academias de dança e arte utilizam desse espaço muitas vezes por não
terem nível suficiente para participação de eventos de sua especialidade. Há
uma diferença entre a Europa e o Brasil na questão na participação na
Gymnaestradas onde aqui no Brasil os trabalhos para esse evento são esporádicos
e para os europeus é permanente.
A Gymnaestradas é composta por demonstrações artísticas de
atividades culturais caracterizado pela mistura de profissionais, de participantes
e de culturas, portanto possui interpretações variadas e criativas. O que se
nota é que algumas definições colocadas pela CBG não podem ser tomadas como
referência para se definir a GG com sentido pedagógico uma vez que ela apenas
define que a GG contribuinte para saúde e bem estar físico e psíquico. Com a
diversidade de profissionais na participação dos eventos de GG proposto pela
CBG, há uma grande heterogeneidade de trabalhos,como já se é esperado cada técnico
apresentam trabalhos que correspondem a sua atuação profissional.
Os professores de Educação Física com licenciatura são
capacitados para pesquisar, analisar, sistematizar e aplicar a produção de
cultura corporal no contexto escolar e comunitário, sendo assim se ele
participar de uma Gymnaestrada espera se que seu trabalho reflita o processo
pedagógico e uma visão diferente sobre GG comparado aos profissionais de dança
e teatro por exemplo.Dessa forma se fez necessário criar um conceito de GG com sentido
pedagógicodefinindo a como espaço de vivência de valores humanos que
possibilita a apropriação dos elementos da cultura corporal de relevância pelo
grupo social com o objetivo de aumentar recursos motores que permitam interagir
com as pessoas que fazem parte da comunidade local.
O autor apresenta três formas de aplicar os conhecimentos no
âmbito escolar, onde cada uma envolve um objetivo diferente. São elas; a vivência
que tem objetivo de colocar os alunos em contato com cultura corporal; a
prática que tem como objetivo facilitar a aprendizagem de forma que os alunos
consigam dominar e estabilizar as técnicas de execução, e o treino que tem como
objetivo que os alunos internalizem as técnicas de uma modalidade cultura
corporal. O autor apresenta os conteúdos da cultura corporal que fazem parte da
Educação Física, são eles conteúdos de Ginástica construída, natural,
competitivas, geral, além de outras composições que estão dentro da GG como
jogos e brincadeiras, lutas, esportes. Além
desses conteúdos, ele também apresenta elementos de alguns conteúdos que devem
ser aplicados que são compartilhadas com outras áreas do conhecimento como a Dança,
Artes Cênicas e a Artes Plásticas.
Conforme concluído pelo autor é de responsabilidade a
apropriação de todos os conteúdos de cultura corporal que dizem respeito à
Educação Física para os alunos, não se deve apenas aplicar alguns como tem
acontecido em muitas aulas de Educação Física. A GG é de extrema importância no
contexto escolar, segundo(AYOUB, 2003) apreender a GG geral na escola significa
“estudar, vivenciar, conhecer,
compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar,
apreender as inúmeras interpretações da ginástica para, com base nesse
aprendizado, buscar novos significados e criar novas possibilidades de
expressão gímnica”.
Ela também coloca que a GG tem sido compreendida como uma
ginástica para todos, voltada para o lazer que visa estimular o prazer pela
prática da ginástica com criatividade e liberdade de expressão, tornando um
espaço viável para a vivência da cultura corporal. Essas idéias batem com a
proposta do autor uma vez que ele coloca que GG no contexto pedagógico deve
envolver também a comunidade ao seu redor e ter uma abordagem sociocultural.
O texto é um manual muito
bem feito para professores de Educação Física aplicarem métodos de Ginástica
Geral na escola, o autor tem grande domínio sobre o assunto e nos indica como
seguir no desenvolvimento da Ginástica
Geral dentro da escola, mas ao meu ver o texto não se adapta tão bem a todas as
realidades da nossa sociedade atual principalmente em comunidades remotas ou de
baixo poder aquisitivo, no meu entendimento da ginástica geral deve ser mais para
socializar e integrar os alunos que para criar apresentações bonitas, A GG pode
proporcionar, além do divertimento e satisfação provocada pela própria
atividade (na medida em que busca o resgate do núcleo primordial da ginástica –
o divertimento), o desenvolvimento da criatividade, da ludicidade e da
participação, a apreensão pelos alunos das inúmeras interpretações da
ginástica, e a busca de novos significados e possibilidades de expressão
gímnica (AYOUB, 2003) a grande maioria das nossas escolas não tem condições de
criar eventos e os alunos mal conseguem acompanhar os conteúdos mais simples. Para
Daolio (2002), é um equívoco imaginar que todas as escolas devam trabalhar com
um mesmo currículo fechado e inflexível, desconsiderando o contexto no qual
estão inseridas. Por isso o autor não concorda com a sistematização de
conteúdos na Educação Física, nos mesmos moldes das outras disciplinas, Daolio
(2002)defende a necessidade de planejamentos quando estes são tomados como
referência, e não como verdade absoluta; atualizados constantemente,
construídos e debatidos com os próprios alunos, relacionados com o projeto
escolar. Então a Ginástica Geral é sim uma excelente possibilidade para
socializar e integrar os alunos, criando uma alternativa a pratica de esportes
como futebol e vôlei, tão presentes na nossa cultura escolar criando uma maior
pluralidade de atividades físicas no ambiente escolar.
REFERÊNCIAS:
CALDERONE, G.; LEGLISE, M.; GIAMPIETRO, M.;
BERLUTTI, G. Anthropometricmeasurements, bodycomposition,
biologicalmaturationandgrowthpredictions in youngfemalegymnastsof high
agonisticlevel. J. Sports Med, v. 26, n.3, p. 263-273, 1986.
BOMPA, T.O. Periodização.
Teoria e Metodologia do Treinamento. São Paulo: Phorte, 2002.
Gostei do texto
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