sábado, 18 de abril de 2020

Por uma abordagem humana do trabalho e do sujeito trabalhador


RESENHA: ROHM, R. H. B.; LOPES, N. B. O novo sentido do trabalho para o sujeito pós-moderno: uma abordagem crítica. Cadernos EBAPE.BR,  Rio de Janeiro ,  v. 13 n.2, 2015.


Guilherme Augusto de Oliveira Freire


(1)          Contexto/problematização relacionado ao tema.

O artigo busca discutir o papel do trabalho em nosso contexto sócio-histórico atual (a pós-modernidade) a partir de uma perspectiva que leve em consideração a dimensão subjetiva da existência humana. Portanto, o artigo problematiza a centralidade assumida pelo trabalho na sociedade capitalista a fim de questioná-lo como referência única para o sentido da vida e a autorrealização do ser humano.

(2) Relevância e justificativa.

Justifica-se pela centralidade do tema abordado na vida social e por sua importância em termos sociopolíticos, afinal, conforme o artigo expõe, o trabalho assume destaque em nossa sociedade, tanto no sentido econômico, quanto social. Ademais, o artigo trabalha com uma abordagem crítica e uma perspectiva multidisciplinar, o que abre terreno para aprofundamentos e novas discussões no campo da gestão organizacional.

(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e específicos.

O artigo tem como problema de pesquisa a investigação do trabalho na pós-modernidade a partir de uma análise crítica da gestão organizacional. O objetivo do texto é contribuir criticamente para a Administração a partir da investigação da subjetividade e dos vínculos humanos nos estudos da gestão organizacional a fim de colaborar para a construção de uma prática de gestão de pessoas mais humana e eficaz.

(4) Referencial teórico.

A revisão teórica do artigo parte de fundamentos das Ciências Sociais, especialmente, discutindo a Teoria Crítica aplicada à administração. Além disso, a perspectiva filosófico-epistemológica adotada pelo artigo advém do marxismo, especificamente, o marxismo ocidental ligado ao pensamento da psicanálise.
Dentre os autores que contribuem para a Teoria Crítica discutida, o artigo cita alguns pensadores da Escola de Frankfurt, como Jürgen Habermas. Contudo, se apoia, mais profundamente, em autores como Faria (2004; 2007; 2009), Vieira e Vieira (2004), e Mozzato e Grzybovski (2013).

(5) Metodologia.

O artigo busca investir em uma abordagem multidisciplinar e assume como metodologia uma perspectiva teórico-bibliográfica que tem como eixo principal a revisão de fundamentos teórico-conceituais centrais para o texto, dentre eles: trabalho, gestão de organização na contemporaneidade, pós-modernidade, Teoria Crítica. Os autores discutidos são diversos, dentre eles: Naisbitt (1994), Toffler (1987), Faria (2004; 2007; 2009), Tragtenberg, (1982), Gorz, (2005), Antunes (1999), Dejours (2000), Gaulejac (2007), Fernandes e Ponchirolli (2011) e outros.

(6) Resultados.

Importante destacar que o artigo em questão, por se tratar de uma exposição teórico-bibliográfica, não apresenta uma estrutura tradicional e, portanto, não inclui resultados, visto que não envolve uma pesquisa prática e/ou empírica. Contudo, é possível perceber certas proposições dos autores, quando discutem sobre uma gestão mais humana. Assim, nesse eixo do artigo, eles buscam entrelaçar os conceitos e a teoria discutida, trazendo sua proposta para a Gestão de Pessoas. Essa proposta consiste no investimento em um embasamento crítico, dentro das discussões sobre a gestão das organizações, assim como em uma abordagem mais humana, ou seja, uma abordagem pautada em uma racionalidade substantiva e em pressupostos éticos.

(7) Considerações finais.

Por fim, o artigo traz uma breve conclusão, apontando a necessidade de uma nova perspectiva para o gerenciamento atual. Sugere, então, a superação do modelo admitido pela sociedade gerencial e os valores que ela engendra, como: competição, imprevisibilidade, antagonismo e afins. Para os autores, torna-se necessário a adoção de uma perspectiva crítica (a partir da introdução da Teoria Crítica aos estudos organizacionais, por exemplo) a fim de construir um meio empresarial mais humano e solidário.

(8) Apreciação crítica - duas perguntas.

A partir da leitura do artigo, foi possível aprofundar em conceitos de grande relevância para o pensamento social e conhecer melhor as contribuições possíveis advindas de outros campos do conhecimento como a Teoria Crítica. Portanto, considera-se que o artigo assume, de maneira interessante, as complexidades da realidade social a partir de uma discussão crítica a respeito de um tema de grande importância para a Administração (a gestão organizacional) oferecendo uma possibilidade fortuita de discussão. Lembramos que vivemos sob um modelo rígido de trabalho, configurado por uma economia mercantil baseado em uma prática do trabalho mecânica e reificadora. Portanto, é mais do que essencial recorrermos à outra mentalidade que, de forma distinta, preze pela subjetividade do trabalhador e, de modo mais amplo, pelo bem comum da sociedade. Seguem as perguntas formuladas:
-Considerando o contexto pós-moderno e as pressões infligidas ao sujeito pelo capitalismo, como construir uma relação trabalhista justa sob a vigência desse sistema?
-Atualmente, os ambientes empresariais das startups têm ganhado muita visibilidade, já que se posicionam a partir do ideal de construção de modelos considerados alternativos onde a relação trabalhista se daria por uma lógica integrada, aberta e flexível. Pensando no contexto exposto pelo artigo, que menciona tanto as estratagemas empresariais quanto a identificação dos sujeitos com o discurso das organizações, os ambientes empresariais das startups são realmente “alternativos” ou retratam uma adaptação capciosa do capitalismo?
-Se pensarmos nas configurações institucionais tomadas, em temos recentes, no âmbito do desenvolvimento científico, podemos considerar que a ciência e a pesquisa têm sido postas a serviço da coletividade, ou seja, tem cumprido suas demandas sociais, conforme o artigo aponta que deveria?

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