sábado, 18 de abril de 2020

PROFISSIONAIS 4.0


RESENHA: AIRES, R. W. do A.; MOREIRA, F. K.; FREIRE, P. de S. Indústria 4.0: Competências Requeridas Aos Profissionais Da Quarta Revolução Industrial. VII Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação. 11 e 12 de setembro de 2017, Foz do Iguaçu - Paraná.

Guilherme Augusto de Oliveira Freire

(1)          Contexto/problematização relacionado ao tema.

O artigo em questão discute as transformações que se configuram a partir da revolução industrial ou indústria 4.0. A ênfase está nos impactos advindos da digitalização, em especial, nas novas competências exigidas pelos setores produtivos, com destaque para a aprendizagem no âmbito organizacional.

(2) Relevância e justificativa.

O tema abordado tem grande relevância no momento histórico atual, especialmente, levando em consideração as novas relações trabalhistas que se configuram nesse contexto. Portanto, o artigo justifica-se por sua importância teórica, uma vez que esse tema vem sendo muito discutido no âmbito produtivo (industriais ou de serviços) e, por isso, a pesquisa pode contribuir para compreender as ações e iniciativas tomadas pelas empresas no contexto da quarta revolução industrial.

(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e específicos.

A pergunta de pesquisa que norteia o artigo é a seguinte: "quais competências devem ser desenvolvidas nos trabalhadores da indústria 4.0?". O objetivo geral delineado é investigar as competências requeridas aos trabalhadores da indústria 4.0 tendo como referência estudos científicos e instituições voltadas para o estudo da quarta revolução industrial.

(4) Referencial teórico.

Tópicos
Detalhamento
Autores
Revoluções Industriais
-Primeira: metade século XVIII até meados século XIX, marca a introdução da máquina a vapor;
-Segunda: XIX até primeira metade século XX, advento da energia elétrica, automação e produção em massa e sistema de produção taylorista-fordista;
-Terceira: XX até final século XXI, implementação de componentes eletrônicos e tecnologia, informática e avanço das comunicações, sociedade do conhecimento e sistema de produção flexível;
-Quarta: primeira década século XXI, digitalização da produção, sistema de produção de personalização em massa, internet móvel, fusão das tecnologias, inteligência artificial.
Deloitte (2014), McKinsey (2016), Schwab (2016) e Aires, Freire e Souza (2016).
Indústria 4.0 - características e desafios
-Digitalização da produção e interligação de diversos dispositivos
-Coleta de dados de múltiplas fontes (big data, computação em nuvem e novas tecnologias de tratamento de dados);
-Era da customização em massa, comunicação instantânea na cadeia produtiva (desde fornecedores até stakeholders);
-Necessidade de investimentos e novas competências.
CNI (2016), Schwab (2017).
Profissionais da Indústria 4.0
-Nova realidade exige um novo perfil de trabalhador;
- Sistema de educação corporativa como vantagem competitiva;
-Estágios de evolução do sistema de educação corporativa na quarta revolução industrial: Stakeholder University e a Universidade Corporativa em Rede;
-Desenvolvimento de recursos humanos voltado às novas formas de produção como um dos pilares da Indústria 4.0;
-Desenvolvimento de competências: identificação das competências individuais necessárias.
Davenport e Prusak (1998), Teixeira Filho (2000), Freire, Dandolini, Souza e Silva (2016), Aires, Freire & Souza (2016), CNI (2016).

 (5) Metodologia.

Elementos da pesquisa
Detalhamento
Autores
Tipo de pesquisa
Teórica
--
Abordagem
Qualitativa
--
Método de pesquisa
Pesquisa bibliográfica e documental.
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População/Amostra
Dez artigos filtrados, seis selecionados para análise em profundidade.
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Unidade de Análise
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Unidade de Observação
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Coleta de Dados
Busca na base de dados internacionais Scopus e estudos publicados por instituições renomadas como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a consultoria Deloitte e o Fórum Econômico Mundial. Protocolo de busca: "fourth industrial revolution" OR "Industry 4.0" e "education" ou "training" em títulos, resumos e palavras chaves de artigos científicos.
--
Análise de Dados
Revisão sistemática da literatura.
Ferenhof & Fernandes (2016).

(6) Resultados.

As autoras do artigo apresentam duas tabelas que trazem uma listagem e uma categorização, respectivamente, das competências requeridas dos profissionais da indústria 4.0. Em sua categorização, as autoras dividem seus resultados entre Habilidades cognitivas e físicas e Competências de conteúdo, de processo, sociais, sistêmicas, para solucionar problemas complexos e de Gestão de recursos. Segundo elas, as competências mais requeridas dos trabalhadores da indústria 4.0 são ligadas à: criatividade, inovação, comunicação, solução de problemas e conhecimentos técnicos.

 (7) Considerações finais.

Em suas considerações finais as autoras enfatizam a importância do alinhamento das matrizes curriculares à formação requerida pela indústria 4.0, destacando as lacunas deixadas pelas universidades acadêmicas. Juntamente a isso, ainda salientam o “notório papel” das universidades corporativas para o desenvolvimento da força de trabalho nesse contexto.

(8) Apreciação crítica - duas perguntas.

O artigo trata de importantes mudanças resultantes do advento da indústria 4.0. Nesse sentido, o tema abordado suscita questões muito atuais e relevantes. É louvável a intenção do artigo em contribuir para a expansão dos esforços voltados para essa área, afinal, a academia precisa se preocupar com as novas questões surgidas das mudanças com a quarta revolução industrial. Posto isso, cabe destacar que reconhecemos uma abordagem relativamente conservadora no artigo, em que a ênfase é colocada estritamente nos aspectos positivos de uma perspectiva corporativista onde o papel do trabalhador é sempre adaptar-se ao que o mundo corporativo exige, portanto, novos estudos pautados por uma criticidade mais aguçada merecem também espaço e destaque. Seguem as perguntas:

-O artigo tem ênfase na importância do desenvolvimento de novas competências em face das necessidades da indústria 4.0, ou seja, destaca a adaptação do trabalhador ao cenário dominado pelas exigências do mercado, assim como sugere que a educação também deveria se alinhar a tais exigências.  Contudo, não traz qualquer reflexão sobre as consequências de uma busca incessante da sociedade para atender as demandas únicas das organizações. Quais as consequências de uma perspectiva orientada unicamente pelos interesses organizacionais na vida do sujeito trabalhador?
-Se compreendermos a educação como uma prática conscientizadora e voltada para a libertação que atua, especialmente, para formação de sujeitos críticos e autônomos, de um ponto de vista social, o que podemos esperar das proposições e iniciativas de uma “universidade corporativa”, conforme é defendido pelo artigo?
-Obviamente, vivemos em um mundo dinâmico que se transforma e que coloca novos desafios para as mais diversas esferas da vida social. Se pensarmos a educação por uma abordagem pedagógica crítica e considerarmos seu papel para a sociedade como um todo, o investimento nas universidades acadêmicas não pode ser considerado como um caminho mais legítimo para garantir a integração entre os interesses mercadológicos e sociais?



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