RESENHA:
AIRES, R. W. do A.; MOREIRA, F. K.; FREIRE, P. de S. Indústria 4.0: Competências Requeridas Aos Profissionais Da Quarta
Revolução Industrial. VII Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação.
11 e 12 de setembro de 2017, Foz do Iguaçu - Paraná.
Guilherme Augusto de Oliveira Freire
(1)
Contexto/problematização
relacionado ao tema.
O artigo em questão discute as transformações
que se configuram a partir da revolução industrial ou indústria 4.0. A ênfase
está nos impactos advindos da digitalização, em especial, nas novas
competências exigidas pelos setores produtivos, com destaque para a
aprendizagem no âmbito organizacional.
(2) Relevância e justificativa.
O tema abordado tem grande relevância no
momento histórico atual, especialmente, levando em consideração as novas
relações trabalhistas que se configuram nesse contexto. Portanto, o artigo
justifica-se por sua importância teórica, uma vez que esse tema vem sendo muito
discutido no âmbito produtivo (industriais ou de serviços) e, por isso, a
pesquisa pode contribuir para compreender as ações e iniciativas tomadas pelas
empresas no contexto da quarta revolução industrial.
(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e
específicos.
A pergunta de pesquisa que norteia o artigo é
a seguinte: "quais competências devem ser desenvolvidas nos trabalhadores
da indústria 4.0?". O objetivo geral delineado é investigar as
competências requeridas aos trabalhadores da indústria 4.0 tendo como
referência estudos científicos e instituições voltadas para o estudo da quarta
revolução industrial.
(4) Referencial teórico.
Tópicos
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Detalhamento
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Autores
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Revoluções
Industriais
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-Primeira:
metade século XVIII até meados século XIX, marca a introdução da máquina a
vapor;
-Segunda:
XIX até primeira metade século XX, advento da energia elétrica, automação e
produção em massa e sistema de produção taylorista-fordista;
-Terceira:
XX até final século XXI, implementação de componentes eletrônicos e
tecnologia, informática e avanço das comunicações, sociedade do conhecimento
e sistema de produção flexível;
-Quarta:
primeira década século XXI, digitalização da produção, sistema de produção de
personalização em massa, internet móvel, fusão das tecnologias, inteligência
artificial.
|
Deloitte
(2014), McKinsey (2016), Schwab (2016) e Aires, Freire e Souza (2016).
|
Indústria
4.0 - características e desafios
|
-Digitalização
da produção e interligação de diversos dispositivos
-Coleta
de dados de múltiplas fontes (big data, computação em nuvem e novas
tecnologias de tratamento de dados);
-Era
da customização em massa, comunicação instantânea na cadeia produtiva (desde
fornecedores até stakeholders);
-Necessidade
de investimentos e novas competências.
|
CNI
(2016), Schwab (2017).
|
Profissionais
da Indústria 4.0
|
-Nova
realidade exige um novo perfil de trabalhador;
-
Sistema de educação corporativa como vantagem competitiva;
-Estágios
de evolução do sistema de educação corporativa na quarta revolução industrial:
Stakeholder University e a Universidade Corporativa em Rede;
-Desenvolvimento
de recursos humanos voltado às novas formas de produção como um dos pilares
da Indústria 4.0;
-Desenvolvimento
de competências: identificação das competências individuais necessárias.
|
Davenport
e Prusak (1998), Teixeira Filho (2000), Freire, Dandolini, Souza e Silva
(2016), Aires, Freire & Souza (2016), CNI (2016).
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(5)
Metodologia.
Elementos da
pesquisa
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Detalhamento
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Autores
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Tipo
de pesquisa
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Teórica
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Abordagem
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Qualitativa
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--
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Método
de pesquisa
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Pesquisa
bibliográfica e documental.
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--
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População/Amostra
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Dez
artigos filtrados, seis selecionados para análise em profundidade.
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Unidade
de Análise
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--
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--
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Unidade
de Observação
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--
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--
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Coleta
de Dados
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Busca
na base de dados internacionais Scopus e estudos publicados por instituições renomadas
como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a consultoria Deloitte e o
Fórum Econômico Mundial. Protocolo de busca: "fourth industrial
revolution" OR "Industry 4.0" e "education" ou
"training" em títulos, resumos e palavras chaves de artigos
científicos.
|
--
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Análise
de Dados
|
Revisão
sistemática da literatura.
|
Ferenhof
& Fernandes (2016).
|
(6) Resultados.
As autoras do artigo apresentam duas
tabelas que trazem uma listagem e uma categorização, respectivamente, das
competências requeridas dos profissionais da indústria 4.0. Em sua
categorização, as autoras dividem seus resultados entre Habilidades cognitivas
e físicas e Competências de conteúdo, de processo, sociais, sistêmicas, para
solucionar problemas complexos e de Gestão de recursos. Segundo elas, as
competências mais requeridas dos trabalhadores da indústria 4.0 são ligadas à:
criatividade, inovação, comunicação, solução de problemas e conhecimentos
técnicos.
(7)
Considerações finais.
Em suas considerações finais as autoras
enfatizam a importância do alinhamento das matrizes curriculares à formação
requerida pela indústria 4.0, destacando as lacunas deixadas pelas
universidades acadêmicas. Juntamente a isso, ainda salientam o “notório papel”
das universidades corporativas para o desenvolvimento da força de trabalho
nesse contexto.
(8) Apreciação crítica - duas perguntas.
O artigo trata de importantes mudanças
resultantes do advento da indústria 4.0. Nesse sentido, o tema abordado suscita
questões muito atuais e relevantes. É louvável a intenção do artigo em
contribuir para a expansão dos esforços voltados para essa área, afinal, a
academia precisa se preocupar com as novas questões surgidas das mudanças com a
quarta revolução industrial. Posto isso, cabe destacar que reconhecemos uma
abordagem relativamente conservadora no artigo, em que a ênfase é colocada
estritamente nos aspectos positivos de uma perspectiva corporativista onde o
papel do trabalhador é sempre adaptar-se ao que o mundo corporativo exige,
portanto, novos estudos pautados por uma criticidade mais aguçada merecem
também espaço e destaque. Seguem as perguntas:
-O
artigo tem ênfase na importância do desenvolvimento de novas competências em
face das necessidades da indústria 4.0, ou seja, destaca a adaptação do
trabalhador ao cenário dominado pelas exigências do mercado, assim como sugere
que a educação também deveria se alinhar a tais exigências. Contudo, não traz qualquer reflexão sobre as
consequências de uma busca incessante da sociedade para atender as demandas
únicas das organizações. Quais as consequências de uma perspectiva orientada
unicamente pelos interesses organizacionais na vida do sujeito trabalhador?
-Se
compreendermos a educação como uma prática conscientizadora
e voltada para a libertação que atua, especialmente, para formação de
sujeitos críticos e autônomos, de um ponto de vista social, o que podemos
esperar das proposições e iniciativas de uma “universidade corporativa”,
conforme é defendido pelo artigo?
-Obviamente,
vivemos em um mundo dinâmico que se transforma e que coloca novos desafios para
as mais diversas esferas da vida social. Se pensarmos a educação por uma
abordagem pedagógica crítica e considerarmos seu papel para a sociedade como um
todo, o investimento nas universidades acadêmicas não pode ser considerado como
um caminho mais legítimo para garantir a integração entre os interesses
mercadológicos e sociais?
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