RESENHA: ROHM, R. H. B.; LOPES, N. B. O novo sentido do trabalho para o
sujeito pós-moderno: uma abordagem crítica. Cadernos EBAPE.BR,
Rio de Janeiro , v. 13 n.2, 2015.
Guilherme Augusto de Oliveira Freire
(1)
Contexto/problematização
relacionado ao tema.
O artigo busca discutir o papel do trabalho
em nosso contexto sócio-histórico atual (a pós-modernidade) a partir de uma
perspectiva que leve em consideração a dimensão subjetiva da existência humana.
Portanto, o artigo problematiza a centralidade assumida pelo trabalho na
sociedade capitalista a fim de questioná-lo como referência única para o
sentido da vida e a autorrealização do ser humano.
(2) Relevância e justificativa.
Justifica-se pela centralidade do tema
abordado na vida social e por sua importância em termos sociopolíticos, afinal,
conforme o artigo expõe, o trabalho assume destaque em nossa sociedade, tanto
no sentido econômico, quanto social. Ademais, o artigo trabalha com uma
abordagem crítica e uma perspectiva multidisciplinar, o que abre terreno para
aprofundamentos e novas discussões no campo da gestão organizacional.
(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e
específicos.
O artigo tem como problema de pesquisa a
investigação do trabalho na pós-modernidade a partir de uma análise crítica da
gestão organizacional. O objetivo do texto é contribuir criticamente para a
Administração a partir da investigação da subjetividade e dos vínculos humanos
nos estudos da gestão organizacional a fim de colaborar para a construção de
uma prática de gestão de pessoas mais humana e eficaz.
(4) Referencial teórico.
A revisão teórica do artigo parte de
fundamentos das Ciências Sociais, especialmente, discutindo a Teoria Crítica
aplicada à administração. Além disso, a perspectiva filosófico-epistemológica
adotada pelo artigo advém do marxismo, especificamente, o marxismo ocidental
ligado ao pensamento da psicanálise.
Dentre os autores que contribuem para a Teoria
Crítica discutida, o artigo cita alguns pensadores da Escola de Frankfurt, como
Jürgen Habermas. Contudo, se apoia, mais profundamente, em autores como Faria
(2004; 2007; 2009), Vieira e Vieira (2004), e Mozzato e Grzybovski (2013).
(5) Metodologia.
O artigo busca
investir em uma abordagem multidisciplinar e assume como metodologia uma
perspectiva teórico-bibliográfica que tem como eixo principal a revisão de
fundamentos teórico-conceituais centrais para o texto, dentre eles: trabalho,
gestão de organização na contemporaneidade, pós-modernidade, Teoria Crítica. Os
autores discutidos são diversos, dentre eles: Naisbitt (1994), Toffler (1987),
Faria (2004; 2007; 2009), Tragtenberg, (1982), Gorz, (2005), Antunes (1999), Dejours
(2000), Gaulejac (2007), Fernandes e Ponchirolli (2011) e outros.
(6) Resultados.
Importante destacar que o artigo em questão,
por se tratar de uma exposição teórico-bibliográfica, não apresenta uma
estrutura tradicional e, portanto, não inclui resultados, visto que não envolve
uma pesquisa prática e/ou empírica. Contudo, é possível perceber certas
proposições dos autores, quando discutem sobre uma gestão mais humana. Assim,
nesse eixo do artigo, eles buscam entrelaçar os conceitos e a teoria discutida,
trazendo sua proposta para a Gestão de Pessoas. Essa proposta consiste no
investimento em um embasamento crítico, dentro das discussões sobre a gestão das
organizações, assim como em uma abordagem mais humana, ou seja, uma abordagem
pautada em uma racionalidade substantiva e em pressupostos éticos.
(7) Considerações finais.
Por fim, o artigo traz uma breve conclusão,
apontando a necessidade de uma nova perspectiva para o gerenciamento atual.
Sugere, então, a superação do modelo admitido pela sociedade gerencial e os
valores que ela engendra, como: competição, imprevisibilidade, antagonismo e
afins. Para os autores, torna-se necessário a adoção de uma perspectiva crítica
(a partir da introdução da Teoria Crítica aos estudos organizacionais, por
exemplo) a fim de construir um meio empresarial mais humano e solidário.
(8) Apreciação crítica - duas perguntas.
A partir da leitura do artigo, foi possível
aprofundar em conceitos de grande relevância para o pensamento social e
conhecer melhor as contribuições possíveis advindas de outros campos do
conhecimento como a Teoria Crítica. Portanto, considera-se que o artigo assume,
de maneira interessante, as complexidades da realidade social a partir de uma
discussão crítica a respeito de um tema de grande importância para a
Administração (a gestão organizacional) oferecendo uma possibilidade fortuita
de discussão. Lembramos que vivemos sob um modelo rígido de trabalho,
configurado por uma economia mercantil baseado em uma prática do trabalho
mecânica e reificadora. Portanto, é mais do que essencial recorrermos à outra
mentalidade que, de forma distinta, preze pela subjetividade do trabalhador e,
de modo mais amplo, pelo bem comum da sociedade. Seguem as perguntas
formuladas:
-Considerando o contexto pós-moderno e as
pressões infligidas ao sujeito pelo capitalismo, como construir uma relação
trabalhista justa sob a vigência desse sistema?
-Atualmente, os ambientes empresariais das startups têm ganhado muita visibilidade,
já que se posicionam a partir do ideal de construção de modelos considerados
alternativos onde a relação trabalhista se daria por uma lógica integrada,
aberta e flexível. Pensando no contexto exposto pelo artigo, que menciona tanto
as estratagemas empresariais quanto a identificação dos sujeitos com o discurso
das organizações, os ambientes empresariais das startups são realmente “alternativos” ou retratam uma adaptação
capciosa do capitalismo?
-Se pensarmos nas configurações
institucionais tomadas, em temos recentes, no âmbito do desenvolvimento
científico, podemos considerar que a ciência e a pesquisa têm sido postas a
serviço da coletividade, ou seja, tem cumprido suas demandas sociais, conforme
o artigo aponta que deveria?
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