sábado, 18 de abril de 2020

Plataformas digitais e emprego: renovação ou precarização do trabalho?


Guilherme Augusto de Oliveira Freire

(1)  Contexto/problematização relacionado ao tema.

O artigo trata das perspectivas atuais que abordam a relação entre as tecnologias digitais e o trabalho. A autora identifica duas abordagens para realizar sua discussão, uma determinista e outra crítica e parte para sua problematização dissertando a respeito do empreendedorismo, da polarização social e das questões políticas relacionadas ao tema.

(2) Relevância e justificativa.

O tema abordado tem grande relevância, especialmente em tempos atuais, pela dimensão tomada pelos tipos de economia abordadas no artigo (freelancer, sob pedido e de partilha) e as consequências socioeconômicas e políticas desse quadro. Além disso, a emergência dessas novas formas de trabalho e novas relações trabalhistas é uma realidade contemporânea, portanto, o artigo justifica-se por apresentar uma análise teórica significativa ao examinar tal fenômeno.

(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e específicos.

O problema de pesquisa do artigo põe em questão a realidade contemporânea referente aos avanços tecnológicos e ao mundo do trabalho e destaca a seguinte pergunta: “estamos perante um novo tipo de economia com novo tipo de empresa e de trabalho?”. Seu objetivo é analisar as perspectivas que se confrontam (a determinista e a crítica) para, então, expor soluções aos problemas identificados.

(4) Referencial teórico.

O referencial teórico do artigo se sustenta na apresentação da perspectiva determinista tecnológica e da perspectiva crítica no que concerne a relação entre tecnologias digitais e trabalho. Portanto, ao abordar a perspectiva determinista a autora discute os teóricos do pós-emprego, a hiperespecialização, o taylorismo digital renovado, a revolução digital a partir de autores que destacam suas vantagens como flexibilidade, competitividade, redução de custos e afins. Os autores utilizados para essa discussão são: Charles Handy (1984), Bridges (1994), Zysman e Kenney (2014), Thomas Malone (2004), Malone, Laubacher e Johns (2011), dentre outros.
Já para discutir a perspectiva crítica são utilizados autores que apresentam as consequências negativas do que é defendido pela perspectiva determinista. Portanto, a crítica paira sobre a polarização das qualificações e dos salários, o aumento da desigualdade e a crescente concentração da riqueza e do poder, a substituição do trabalho humano. A autora do artigo foca, então, nos entrelaçamentos entre essa realidade e os fatores institucionais, políticos e socioeconômicos que se fundamentam com a instituição da sociedade da informação e do conhecimento. Dentre os autores abordados para essa exposição estão: Autor (2010), Autor e Dorn (2013), Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee (2014), Stiglitz (2013), Piketty (2014), dentre outros.

 (5) Metodologia.

O artigo apresenta uma exposição teórico-bibliográfica e realiza uma revisão ampla de teorias e conceitos relativos à temática discutida. Seu foco está na discussão da abordagem determinista (empreendedorismo, pós-emprego, hiperespecialização e taylorismo digital renovado) e da abordagem crítica (revolução digital, polarização social e automatização do trabalho). Por Há, também, uma reflexão baseada em proposições políticas, apresentando algumas categorias desse campo do conhecimento (como globalização, desigualdades sociais e desenvolvimento). Dentre os autores utilizados com mais ênfase nessa exposição teórico-bibliográfica estão: Charles Handy (1984), Bridges (1994), Zysman e Kenney (2014), Thomas Malone (2004), Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee (2014), Stiglitz (2013) e Piketty (2014).

(6) Resultados.

O artigo em questão apresenta uma revisão teórico-bibliográfica, portanto, não possui em sua estrutura a apresentação de resultados, uma vez que não se trata de uma pesquisa prática e/ou empírica. Contudo, apresenta algumas propostas políticas que, na visão da autora, poderiam contribuir para que a realidade do trabalho baseado em plataformas digitais não tenha efeitos negativos alarmantes. O eixo condutor dessas propostas está na rejeição às políticas neoliberais e dentre elas se destacam: conter o setor financeiro, promover medidas justas e de controle no sistema tributário e fiscal, o investimento na criação de empregos e a garantia de direitos e condições de trabalho decente. Em uma proposição mais abrangente são colocadas também considerações a respeito de uma remodelação da globalização, tornando possível o enfrentamento das desigualdades sociais na sociedade.

(7) Considerações finais.

Em suas considerações finais, a autora dá ênfase à atuação do poder público para possibilitar a renovação do trabalho a fim de garantir o desenvolvimento econômico e social de maneira sustentável, levando em conta assim, os aspectos qualitativos envolvidos na análise da relação entre as tecnologias digitais e o trabalho.

(8) Apreciação crítica - duas perguntas.

O artigo apresenta uma exposição ampla sobre o tema que, atualmente, é muito evidente na realidade socioeconômica de nosso país. As discussões promovidas no artigo trazem um pano de fundo teórico muito importante para a realidade do trabalho e das relações trabalhistas no momento histórico que vivemos. Pensando nas abordagens discutidas, fica clara a necessidade da adoção de uma perspectiva que considere tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos na análise dessa questão, uma vez que a atuação trabalhista envolve também a dimensão simbólico-cultural da existência humana. Além disso, faz-se necessário, conforme apontado no artigo, investir em uma reflexão sobre o papel da esfera política e institucional nesse quadro, destacando-se que o desenvolvimento econômico precisa orientar-se de modo sustentável (tanto social quanto ambientalmente). Seguem as perguntas:

-Conforme o artigo discute, a perda de direitos trabalhistas e a precarização do trabalho são realidades atuais que promovem o agravamento das desigualdades sociais. Dado o contexto exposto pelo artigo, que leitura crítica pode ser realizada sobre a Reforma Trabalhista aprovada em 2017 e suas consequências socioeconômicas para o Brasil?
-A utilização das plataformas digitais discutidas (como Uber e IFood, por exemplo) tem sido cada vez maior em nossa sociedade. Considerando essa realidade, como podermos pensar a posição do consumidor em face da realidade delineada pelo artigo?


REFERÊNCIA

KOVÁCS, I. Os avanços tecnológicos e o futuro do trabalho: debates recentes. XVI Encontro Nacional de Sociologia Industrial, das Organizações e do Trabalho - Futuros do Trabalho: Políticas, Estratégias e Prospetiva. Atas do XVI ENSIOT, 2016, p. 10-23.

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