sábado, 18 de abril de 2020

EVOLUINDO JUNTO COM A ORGANIZAÇÃO, TENDÊNCIAS HUMANISTAS


CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIHORIZONTES
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES – 1º BIMESTRE/2020
Professor: DR. Luiz Carlos Honório
GUILHERME AUGUSTO DE OLIVEIRA FREIRE

RESENHA: EVOLUINDO JUNTO COM A ORGANIZAÇÃO
AKTOUF, Omar. Administração e teorias das organizações contemporâneas: rumo a um humanismo radical crítico?. Organ. Soc. [online]. 2001, vol.8, n.21, pp.13-33. ISSN 1413-585X.

Omar Aktouf, argelino nascido em 1944, professor titular da Ecole dês Hautes Études Commerciales (HEC). Com Ph.d. em Management, é autor de diversos livros e um pensador bastante influente na busca por novas formas de pensar a Administração diante de um mundo globalizado, consultor independente em diversas organizações, dentre elas, a GTZ (Agência Alemã de Cooperação e Ajuda ao Desenvolvimento), a GIAT-Industries (Europa e Estados Unidos), a ETAP (Companhia Petroleira do Estado da Túnisia), o Grupo Financeiro Desjardins (Canadá), a Cascades Inc. (Multinacional de origem canadense de papel e celulose) e a SONATRACH (Sociedade Nacional Argelina de Petróleo).
No texto o autor demonstra como a administração pode evoluir como ciência, o  artigo fala sobre a existência de uma necessidade de criar um embasamento teórico adequado em relação as novas teorias organizacionais e de se criar novos conceitos de administração na atualidade. O autor sinaliza questionamentos sobre o homem e as dificuldades relativas a enorme quantidade de textos e se propõe a revolucionar a administração.
O autor analisa teorias clássicas da administração apontando valores humanistas mesmo em teorias onde a busca é por uma proposta de produzir mais gastando menos e também modelos como o toyotismo onde se busca uma qualidade total com coesão dos níveis hierárquicos e visando uma produção melhor ao invés de maior, onde todos os empregados devem ser protagonistas todas essas teorias têm fundamentos humanistas.  
Aktouf cita grandes estudiosos da administração clássica como Mayo, Fayol e Taylor e que eles descreviam a importância do trabalho em equipe, do diálogo, incentivo, participação, criatividade e, principalmente, do fator humano, esses fatores foram baseados em conceitos como radicalismo, humanismo até mesmo, em teorias marxistas levando em consideração o poder do proletário. O empregado deixa de ser passivo e obediente para um colaborador, com autonomia e motivação, o que o liberaria da alienação e exploração, mas o autor deixa claro que essa mudança não acontecerá sem uma mudança cultural.
Ele considera como diferenças entre “humanismo” e “humanismo-radical”, sendo que, do seu ponto de vista, o “humanismo-radical” é um retorno as raízes e a uma proposta de conversão e das grandes escolas, abordando elementos que considera mais significativos, como considerar o ser humano único devido a seu status único de “self-conscient” ou livre arbítrio e “um ser dotado de consciência, de julgamento próprio”, como sua natureza “social-comunitária”. Para ele não é fácil de uma organização alcançar uma postura relacionada ao humanismo, sendo importante uma prática administrativa que rompa a concepção de tratamento do ser humano no trabalho como instrumento de produção, possibilitando ao empregado participar, colaborar e fazer seus, os objetivos da empresa. Aktouf mostra vários autores que reforçam sua proposta por uma revolução da administração, mais humana e focada no trabalhador colaborador cumplice ativo e enumera alguns dificultadores da prática da sua teoria.
Aktouf deixa claro sua que sua corrente do humanismo-radical não busca questões ideológicas e sim completar as teorias da administração somando a elas uma concepção mais atual e humana, ele expõe que a predominância nas organizações a cultura da qualidade total, mas sem a visão do homem por inteiro e indica que a empresa inteligente é aquela composta de diferentes inteligências individuais, motivadas pelo desejo de colaborar, inventando soluções originais e enfrentando a desafios que surgem todos os dias, a empresa precisa ser um local de troca em uma relação de mutualismo entre a força laboral do empregado e a busca pela riqueza do capitalismo, para ele precisa de uma mudança separando o empregado do lucro, o empregado deve ser “mais cúmplice e mais vivo” e somente seria possível alcançar esse cenário, se houver uma organização onde a transparência, a simetria e a equidade sejam pontos de partida para a humanização.
Akitouf traz uma releitura contemporânea do manifesto comunista de Karl Marx  e Friedrich Engels onde especialmente para mim o conceito de mais-valia relativa se faz muito presente, principalmente nas gerações Z e alpha onde o tempo é um constructo muito importante e cada vez mais levado em consideração no fator qualidade de vida, ainda consigo enxergar uma parte dessas gerações utilizando de empresas para se obter o dinheiro de subsistência não preocupando tanto com o futuro quanto as outras gerações passadas, os empregados das gerações Z e alpha tem o foco apenas no agora e não tanto no futuro, a qualificação da mão de obra e a melhora nos meios de produção ou da organização e qualidade como é descrito no modelo japonês leva um problema que as atuais organizações tem enfrentado principalmente como as novas gerações onde o conhecimento intrínseco se perde e a alta rotatividade desses.
A conclusão do texto se faz com uma ampla reflexão do autor sobre o quanto é urgente o “empregado-assalariado-custo” caminhar para o “empregado-cumplice-ativo”, sendo essa mudança o resultado de uma organização pautada no “humanismo vivido aplicado”, embora todas as implicações positivas e negativas que essa mudança possa trazer. Muito atual é a analise do autor sobre as demissões em massa de grandes empresas que tratam seus empregados como custo. As organizações devem focar no individuo e se organizarem para trabalhar em uma constante relação de mutualismo, como disse anteriormente acredito que as gerações mais novas criaram barreiras para esse modos teóricos onde somos apenas números e empresários querem nos sugar toda força vital em troca da busca incansável pelo lucro. A educação e o conhecimento é a única forma para se forçar a uma revolução mais humanizada, quanto maior a sua formação mais se tem poder para negociar e mais se torna justa essa relação entre empregado-empregador criando o ambiente que Aktouf tanto busca.
Meu questionamento se faz de como as empresas podem se preparar tanto financeiramente quanto como estruturalmente para receber as novas gerações que buscam mais essa cumplicidade que a exploração.

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