MESTRADO EM
ADMINISTRAÇÃO – UNIHORIZONTES
TEORIA DAS
ORGANIZAÇÕES
Professor:
Luiz Carlos Honório
RESENHA: Administração e teorias das organizações contemporâneas: rumo a um
humanismo radical crítico?
AKTOUF, Omar. Administração
e teorias das organizações contemporâneas: rumo a um humanismo radical
crítico?. Organ. Soc. [online]. 2001, vol.8, n.21,
pp.13-33. ISSN 1413-585X. https://doi.org/10.1590/S1984-92302001000200001.
O autor dispõe que as
inúmeras publicações a respeito de administração visam revolucionar esta
ciência, mas, para conhecer melhor tais ideias seria necessário entender
conceitos como o radicalismo, humanismo-radical e a visão conflitual dialética,
vez que propõe um questionamento acerca do papel determinante das pessoas, em
coesão, compromissadas e motivadas em prol de um interesse organizacional.
Ao analisar alguns
escritos da década de 70, ligados às teorias clássicas da administração, aponta
que tais textos mencionavam a proposta de produzir mais gastando menos, já o
modelo japões, rezava sobre a qualidade total e a cultura da empresa, com
coesão dos níveis hierárquicos e visando uma produção melhor ao invés de maior.
De toda forma, o autor
percebe que, até mesmo Taylor, Fayol e Mayo já descreviam a importância do
trabalho em equipe, do diálogo, incentivo, participação, criatividade e,
principalmente, do fator humano, apensar de ignoradas pelo aspecto de larga
produção com custo reduzido. Consequentemente, indaga o escritor se há algo
novo a respeito na teoria humanista, posto que não houve mudança que elevasse o
homem ao lugar de protagonista do processo produtivo.
Registra ainda que
não é fácil de uma organização alcançar essa postura relacionada ao humanismo,
sendo importante uma prática administrativa que rompa a concepção de tratamento
do ser humano no trabalho como instrumento de produção, possibilitando ao
empregado participar, colaborar e fazer seus, os objetivos da empresa.
O empregado deixaria
de ser uma “peça passiva obediente” para um “colaborador cumplice ativo” da
organização, com autonomia e motivação, o que o liberaria da alienação e
exploração, mas ressalta que, essa mudança cultural não será obtida sem
contraprestação financeira ao trabalhador.
Na sequência, Aktouf
diferencia o humanismo do humanismo-radical, o qual seria uma revisão e
complementariedade de teorias de grandes pensadores, especialmente, o marxismo.
Ato seguinte, o autor elenca alguns autores que clamam por uma revolução da
administração, mais humana e focada no trabalhador colaborador cumplice ativo e
enumera alguns dificultadores da prática da sua teoria.
Aktouf expõe que
predomina nas organizações a cultura da qualidade total, mas sem a visão do
homem por inteiro e indica que a empresa inteligente é aquela composta de
diferentes inteligências individuais, motivadas pelo desejo de colaborar,
inventando soluções originais e enfrentando a complexidade contemporânea.
Para o autor a
empresa precisa ser um local de parceria e acordo, local de trabalho e não de
uso intensivo da força de trabalho e, para isso, seria preciso, além de uma
mudança comportamental, ligar o empregado aos lucros, desligando-o do salário,
o qual o torna mercenário em uma atividade sem alma.
Destaca também que
essas alterações advêm de posturas culturais históricas, como no Japão em que a
sociedade preza pela solidariedade e coletivismo, não sendo simples a vontade
de mudança imediata do empregado ocidental, acostumado com um modelo pouco participativo
e de um empregador que não abre mão do poder e controle.
Conclui o autor que,
paradoxalmente, a tese marxista (teoria da alienação, da mais valia e do
trabalhador vivo) possibilitará a organização encontrar respostas a seus
dilemas, renunciando ao poder, aos direitos advindos da propriedade, a gestão
unilateral, privilégios exclusivos para um caminho em direção a uma produção
organizada e partilhada que suscita o empenho e interesse pelo sentido dado ao
trabalho cotidiano de cada um. Neste sentido, o trabalhador seria protagonista,
cogestor, à revelia do capital.
Cita ainda duas
empresas modelos fáticos de aplicação do humanismo-radical, em um contexto de
diálogo constante, distribuição de lucros e convivialidade generalizada,
enfatizando a necessidade urgente de uma participação real e concreta do
trabalhador, com maior autonomia e polivalência para que a empresa saia da
estagnação da produtividade.
O texto deixa claro
que a imperiosidade de se substituir métodos coercitivos para uma gestão humanizada,
participativa e ativa dos empregados, vez que implicará na sobrevivência
assertiva das organizações, expõe, também, as dificuldades em se aplicar a
teoria da humanidade-radical e alguns caminhos a serem percorridos para o achatamento
da pirâmide hierárquica.
Um outro ponto a se
levar em consideração é que esta forma de gestão depende da formação da pessoa,
suas competências e abertura a mudanças comportamentais e culturais, portanto,
tem-se que a metodologia para a aplicação da teoria depende de cursos de
qualificação profissional que cientifiquem, expliquem e permitam a análise e a
criação de ambientes como o proposto pelo autor.
Seria intrigante e
interessante a análise e aplicação da taxonomia de Bloom, voltada ao humanismo
radical,em um viés de gestão da organização, posto que trabalha conceitos próximos
aos do humanismo radical.
Nesse sentido, questiona-se
a possibilidade da criaçãode projeto de desenvolvimento educacional na formação
básica do ser humano como cidadão (nível escolar) e profissional (nível
graduação) engajado no âmbito social e empresarial, apto e disposto a trabalhar
as competências inerentes ao modelo de gestão proposto por Aktouf, em um
contexto de fala, escuta, aprendizado, convivialidade e partilha.
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