Guilherme Augusto de Oliveira Freire
(1)
Contexto/problematização
relacionado ao tema.
O artigo trata das perspectivas atuais que
abordam a relação entre as tecnologias digitais e o trabalho. A autora identifica
duas abordagens para realizar sua discussão, uma determinista e outra crítica e
parte para sua problematização dissertando a respeito do empreendedorismo, da
polarização social e das questões políticas relacionadas ao tema.
(2) Relevância e justificativa.
O tema abordado tem grande relevância,
especialmente em tempos atuais, pela dimensão tomada pelos tipos de economia
abordadas no artigo (freelancer, sob
pedido e de partilha) e as consequências socioeconômicas e políticas desse
quadro. Além disso, a emergência dessas novas formas de trabalho e novas
relações trabalhistas é uma realidade contemporânea, portanto, o artigo
justifica-se por apresentar uma análise teórica significativa ao examinar tal
fenômeno.
(3) Problema de pesquisa, objetivo geral e
específicos.
O problema de pesquisa do artigo põe em
questão a realidade contemporânea referente aos avanços tecnológicos e ao mundo
do trabalho e destaca a seguinte pergunta: “estamos perante um novo tipo de
economia com novo tipo de empresa e de trabalho?”. Seu objetivo é analisar as
perspectivas que se confrontam (a determinista e a crítica) para, então, expor
soluções aos problemas identificados.
(4) Referencial teórico.
O referencial teórico do artigo se sustenta
na apresentação da perspectiva determinista tecnológica e da perspectiva
crítica no que concerne a relação entre tecnologias digitais e trabalho.
Portanto, ao abordar a perspectiva determinista a autora discute os teóricos do
pós-emprego, a hiperespecialização, o taylorismo digital renovado, a revolução
digital a partir de autores que destacam suas vantagens como flexibilidade,
competitividade, redução de custos e afins. Os autores utilizados para essa
discussão são: Charles Handy (1984), Bridges (1994), Zysman e Kenney (2014),
Thomas Malone (2004), Malone, Laubacher e Johns (2011), dentre outros.
Já para discutir a perspectiva crítica são
utilizados autores que apresentam as consequências negativas do que é defendido
pela perspectiva determinista. Portanto, a crítica paira sobre a polarização
das qualificações e dos salários, o aumento da desigualdade e a crescente
concentração da riqueza e do poder, a substituição do trabalho humano. A autora
do artigo foca, então, nos entrelaçamentos entre essa realidade e os fatores
institucionais, políticos e socioeconômicos que se fundamentam com a
instituição da sociedade da informação e do conhecimento. Dentre os autores
abordados para essa exposição estão: Autor (2010), Autor e Dorn (2013), Erik
Brynjolfsson e Andrew McAfee (2014), Stiglitz (2013), Piketty (2014), dentre
outros.
(5)
Metodologia.
O artigo apresenta uma exposição
teórico-bibliográfica e realiza uma revisão ampla de teorias e conceitos
relativos à temática discutida. Seu foco está na discussão da abordagem
determinista (empreendedorismo, pós-emprego, hiperespecialização e taylorismo
digital renovado) e da abordagem crítica (revolução digital, polarização social
e automatização do trabalho). Por Há, também, uma reflexão baseada em
proposições políticas, apresentando algumas categorias desse campo do
conhecimento (como globalização, desigualdades sociais e desenvolvimento). Dentre
os autores utilizados com mais ênfase nessa exposição teórico-bibliográfica
estão: Charles Handy (1984), Bridges (1994), Zysman e Kenney (2014), Thomas
Malone (2004), Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee (2014), Stiglitz (2013) e
Piketty (2014).
(6) Resultados.
O artigo em questão apresenta uma revisão
teórico-bibliográfica, portanto, não possui em sua estrutura a apresentação de
resultados, uma vez que não se trata de uma pesquisa prática e/ou empírica.
Contudo, apresenta algumas propostas políticas que, na visão da autora,
poderiam contribuir para que a realidade do trabalho baseado em plataformas
digitais não tenha efeitos negativos alarmantes. O eixo condutor dessas
propostas está na rejeição às políticas neoliberais e dentre elas se destacam:
conter o setor financeiro, promover medidas justas e de controle no sistema
tributário e fiscal, o investimento na criação de empregos e a garantia de
direitos e condições de trabalho decente. Em uma proposição mais abrangente são
colocadas também considerações a respeito de uma remodelação da globalização,
tornando possível o enfrentamento das desigualdades sociais na sociedade.
(7) Considerações finais.
Em suas considerações finais, a autora dá
ênfase à atuação do poder público para possibilitar a renovação do trabalho a
fim de garantir o desenvolvimento econômico e social de maneira sustentável,
levando em conta assim, os aspectos qualitativos envolvidos na análise da
relação entre as tecnologias digitais e o trabalho.
(8) Apreciação crítica - duas perguntas.
O artigo apresenta uma exposição ampla sobre
o tema que, atualmente, é muito evidente na realidade socioeconômica de nosso
país. As discussões promovidas no artigo trazem um pano de fundo teórico muito
importante para a realidade do trabalho e das relações trabalhistas no momento
histórico que vivemos. Pensando nas abordagens discutidas, fica clara a
necessidade da adoção de uma perspectiva que considere tanto aspectos
quantitativos quanto qualitativos na análise dessa questão, uma vez que a
atuação trabalhista envolve também a dimensão simbólico-cultural da existência
humana. Além disso, faz-se necessário, conforme apontado no artigo, investir em
uma reflexão sobre o papel da esfera política e institucional nesse quadro, destacando-se
que o desenvolvimento econômico precisa orientar-se de modo sustentável (tanto
social quanto ambientalmente). Seguem as perguntas:
-Conforme
o artigo discute, a perda de direitos trabalhistas e a precarização do trabalho
são realidades atuais que promovem o agravamento das desigualdades sociais. Dado
o contexto exposto pelo artigo, que leitura crítica pode ser realizada sobre a Reforma
Trabalhista aprovada em 2017 e suas consequências socioeconômicas para o Brasil?
-A
utilização das plataformas digitais discutidas (como Uber e IFood, por exemplo)
tem sido cada vez maior em nossa sociedade. Considerando essa realidade, como
podermos pensar a posição do consumidor em face da realidade delineada pelo
artigo?
REFERÊNCIA
KOVÁCS,
I. Os avanços tecnológicos e o futuro do trabalho: debates recentes. XVI Encontro Nacional de Sociologia
Industrial, das Organizações e do Trabalho - Futuros do Trabalho:
Políticas, Estratégias e Prospetiva. Atas do XVI ENSIOT, 2016, p. 10-23.